São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2001

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SAÚDE

Cidades do litoral de SP não receberam R$ 700 mil pedidos para atendimento médico; governo promete pagar nesta temporada

Alckmin deixou de repassar verba em 2000

Caio Guatelli
Em Santos, pacientes esperam por atendimento em corredor do pronto-socorro da Santa Casa


DA REPORTAGEM LOCAL

Os municípios do litoral do Estado de São Paulo ainda não receberam cerca de R$ 700 mil da verba que requisitaram para o verão que passou. A quantia, segundo informações das diretorias regionais da Secretaria de Estado da Saúde, devem ser pagas neste ano, junto com o "plus" prometido para a temporada que chega.
As cidades do litoral norte requisitaram mais de R$ 1 milhão na temporada passada mas têm a receber ainda cerca de R$ 305 mil, segundo José Eduardo de Oliveira, assistente da direção da regional de São José dos Campos, responsável pelo litoral norte. Para a temporada que começa agora, o mesmo valor total foi requisitado.
No litoral sul, o problema se repetiu. Segundo o diretor regional de Saúde da Baixada Santista, José Ricardo Martins Di Renzo, os municípios ainda têm a receber cerca de R$ 400 mil requisitados da temporada passada. Para este ano foram pedidos R$ 1 milhão.
O dinheiro extra da chamada "operação verão" da secretaria serve para contratar médicos, adequar serviços, comprar mais remédios, realizar campanhas de prevenção. Alguns municípios cobriram essas demandas com recursos próprios. Outros tiveram de adiar projetos para melhorar a assistência médica.
Os diretores regionais informaram que o repasse é atribuição da secretaria estadual. A Folha procurou a assessoria de imprensa da secretaria na sexta-feira para obter informações, mas não houve resposta ao pedido de explicações sobre a ausência do repasse.
Segundo Di Renzo, nem sempre é possível repassar tudo que é requisitado pelos municípios.
"Foram solicitados R$ 80 mil e não veio nenhum tostão", afirma o diretor do Departamento de Saúde de Peruíbe, José Renato Cohn. Segundo o diretor, em razão da ausência do repasse, não foi possível concluir a reforma do hospital e pronto-socorro da cidade, um serviço que já tem dificuldades para atender a alta demanda da temporada.
O hospital de Peruíbe tem capacidade apenas para cirurgias obstétricas. Os 380 atendimentos do pronto-socorro dobram na alta estação. Diante de casos muito graves, a unidade tem autorização para colocar o paciente em uma ambulância mesmo que a central de vagas não tenha encontrado um lugar para a vítima. "Quando é muito grave a gente põe na ambulância e sai", diz o diretor do hospital e PS, José Colleti.
"O interessante seria que a verba já tivesse vindo, para fazer a aquisição de materiais. A grande referência da região é Santos", diz o secretário da Saúde do município, Tomas Soderberg, que também não recebeu verba da temporada passada.
Além da preocupação com a assistência de urgência e emergência, mais procurada pelo turista, os responsáveis pela área de saúde no litoral paulista apontam problemas em outros setores.
Em Santos a preocupação com a dengue levou a secretaria a criar uma campanha especial para o turista. A cidade é recordista no Estado em casos da doença. São 11.600 registros, 10.400 deles autóctones (adquiridos no próprio município).
De acordo com Soderberg, a orientação é para que os turistas não deixem ralos e tampas de sanitários abertos para não atrair o mosquito transmissor da doença. "Ao chegar em casa o turista deve escovar com água equipamentos e bandejas de geladeira deixados expostos, para eliminar larvas do mosquito", diz o secretário.
Em Ilha Bela, uma das preocupações principais é com os morcegos. De acordo com o diretor médico da prefeitura, Paulo Eduardo Lande dos Santos, a cidade ainda não tem um centro de controle de doenças transmitidas por animais ao homem, apesar de ser uma zona de alto risco de transmissão de raiva para humanos -pois tem morcegos contaminados pelo vírus responsável pela doença. (FL)



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