São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2001

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VERÃO

Em uma modalidade, treino ocorre em meio a mangueiras de incêndio e cones de trânsito, simulando uma situação de emergência

Academias inovam em cursos para "atletas de verão"

PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Nada das tradicionais musculação e aulas de ginástica localizada. Com a chegada do verão, e um aumento de quase 30% no movimento, as academias de ginástica paulistanas oferecem novidades para atender até os gostos mais excêntricos.
Em tempos de culto ao heroísmo dos bombeiros, é possível se exercitar na modalidade "fire fighters" -na qual alunos se exercitam com cordas, mangueiras de incêndio e cones de trânsito simulando situações de emergência e de salvamento.
A promessa de queima de 400 calorias em uma sessão de 30 minutos é o principal atrativo da modalidade "jump fit", conhecida como "ginástica do canguru", em que os exercícios são realizados em uma cama elástica.
Algumas academias chegam a oferecer até 12 modalidades a serem praticadas somente na piscina. É o caso da Runner, que, entre outros exemplos, dá aulas de hidrobol -exercícios de hidroginástica com bola- e de Watsu, uma técnica de terapia oriental feita na água, que mistura alongamento e massagem.
Além das "novas ginásticas", as academias também oferecem pacotes atrativos no verão, reduzindo o preço das mensalidades e montando planos especiais que permitem pagamentos parcelados em até 12 vezes.

Equipamentos
De acordo com o supervisor da academia Competition, Paulo Henrique Silva, as novidades em academias estão atreladas ao lançamento de novos equipamentos de fitness.
"Quando surge um novo equipamento no mercado, nós tentamos adaptá-lo à realidade da academia, criando novas aulas."
Silva afirma que as novidades, trazidas da Europa e dos Estados Unidos, são uma forma de quebrar a rotina das academias.
"Mexemos com o aspecto lúdico das modalidades. As aulas especiais nada mais são do que aulas convencionais em um ambiente diferenciado, que todos os alunos podem frequentar."
Um exemplo: a Competition criou o "step night club", aula em que a sala se transforma numa grande pista de dança, com direito a luzes coloridas e a um DJ no comando do som, que varia entre techno, house e flashblack.

Riscos
O "aluno de verão", que procura a academia para obter resultados e "formas" a curto prazo, corre alguns riscos. Quem faz o alerta é o médico Turíbio Leite de Barros Neto, chefe do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
"O modismo, para um aluno iniciante, não funciona. Ele tem de começar no óbvio, que é a caminhada, o alongamento e 40 minutos de exercício aeróbico ou localizado por dia. Um investimento brusco somente na estética acaba sendo prejudicial à saúde, pois o aluno faz uma grande carga de exercícios, às vezes com pesos, não atinge o resultado esperado e ainda se machuca."
Segundo o médico, a curto prazo, uma sobrecarga de ginástica pode causar tendinites e problemas na coluna e nas articulações, além do chamado "efeito rebote", para quem pára no meio do caminho. Ou seja, a pessoa acaba recuperando, em pouco tempo, todo o peso que perdeu e ainda ganha mais alguns quilos.
O programa ideal, de acordo com Barros Neto, consiste em uma adaptação mínima de dois meses, em que a pessoa alterne um dia de exercício aeróbico com um de ginástica localizada.
A nutricionista da Unifesp Anita Sachs também afirma que não adianta buscar só no exercício o "corpinho ideal". Uma dieta balanceada, que misture carboidratos, proteínas e gordura é essencial para quem está começando a fazer ginástica.
"Se a pessoa quiser emagrecer fazendo muito exercício e restringindo a alimentação, ela poderá ter problemas de saúde, como dores de cabeça, náuseas e até mesmo uma gastrite", diz.



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