|
Próximo Texto | Índice
Conselho ambiental restringe horário de voo em Congonhas
Exigência visa reduzir poluição sonora e incômodo a moradores a partir de 3 de março
Pousos e decolagens deverão ocorrer das 7h às 22h durante a semana e das 9h às 22h aos domingos e feriados; hoje, vão das 6h às 23h em qualquer dia
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para reduzir a poluição sonora e o incômodo aos moradores
da região, o conselho ambiental
de São Paulo determinou uma
redução no horário de pousos e
decolagens do aeroporto de
Congonhas, o segundo maior
do país, na zona sul da cidade.
A medida, uma exigência para a concessão de licença ambiental, começa a valer em 3 de
março. As operações durante a
semana passarão a ocorrer das
7h às 22h e, aos domingos e feriados, das 9h às 22h. Hoje, vão
das 6h às 23h em qualquer dia.
Oficialmente, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil),
que controla o sistema aeroportuário, afirmou desconhecer o documento do Cades
(Conselho Municipal do Meio
Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável), mas a Folha apurou que as determinações
preocuparam os técnicos.
Além do horário mais restrito, o conselho determinou que
o número de passageiros e voos
ocorrido em 2009 seja estabelecido como limite máximo para o aeroporto nos próximos
anos, com a exceção de 2014,
quando a Copa do Mundo vai
intensificar o turismo de estrangeiros no Brasil.
As imposições foram feitas
após a análise, pelos órgãos do
Cades, do EIA-Rima (Estudo-Relatório de Impacto Ambiental) apresentado pela Infraero
-como o aeroporto nunca teve
licença ambiental, a empresa
foi multada pela prefeitura em
R$ 10 milhões, em 2006.
O conselho concedeu a licença, mas o descumprimento das
normas pode resultar em multas e até em seu cancelamento.
A Infraero já recebeu a lista
de exigências -a maioria trata
de ruídos, emissão de poluentes e outros incômodos- e está
avaliando como elas deverão
ser cumpridas e em que prazo.
Um novo corte nas operações de Congonhas é polêmico.
Se por um lado agrada os moradores, que se queixam do barulho noturno, sofre forte resistência das empresas aéreas.
Após o acidente com a TAM,
em 2007, a União foi reduzindo
as operações, que chegaram a
54 por hora. Hoje, são no máximo 33. Neste ano, Congonhas
deve receber 14 milhões de
passageiros, 2 milhões além de
sua capacidade -foram 18,5
milhões no pico, em 2006.
O comandante Ronaldo Jenkins, diretor do Snea (Sindicato
Nacional das Empresas Aeroviárias), disse que o setor vai
procurar a gestão Gilberto Kassab (DEM) para tentar reduzir
o impacto das restrições.
Dizendo-se pego de surpresa, Jenkins diz que os aeroportos de São Paulo, já saturados,
não darão conta de atender à
demanda de Congonhas. "Congonhas já está super-hiper-limitado. E querem cortar mais
ainda, que negócio é esse?"
Conselheira do Cades pela
ONG Defenda São Paulo, Ros
Mari Zenha votou contra a
concessão da licença. Para ela,
isso só poderia ocorrer após as
obrigações serem cumpridas.
"Teremos de ficar correndo
atrás para ver se obedecerão?"
Próximo Texto: Infraero quer evitar restrição em Congonhas Índice
|