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Trabalho é motivo de
abandono da escola
da Reportagem Local
A necessidade de trabalhar, as
dificuldades financeiras e a falta
de interesse pela escola são os
principais motivos que levam um
jovem a interromper os estudos. É
o que mostra o estudo da Fundação Seade.
Na faixa etária de 18 a 24 anos,
quase metade (47,1%) dos jovens
fora da escola disseram que interromperam os estudos devido ao
trabalho ou por falta de dinheiro
para se manter na escola. Em segundo lugar, vem a falta de interesse, motivo alegado por 27,5%
do universo pesquisado.
A falta de interesse, muitas vezes, resulta da dissociação entre o
que é ensinado e os interesses do
jovem. "A professora falava as
matérias, mas os alunos não entendiam. Ficou chato. Acabei
saindo", diz Élton Santana, 18, ao
relatar uma de suas tentativas de
retomar os estudos em uma turma de supletivo noturno.
Há três anos, ele interrompeu os
estudos, quando estava na 6ª série. Nesse período fez algumas
tentativas frustradas de voltar para a escola. Paralelamente, Élton
passou a ser um dos jovens atendidos pelo projeto de educação
pela comunicação "Novo Olhar",
de São Paulo.
Ele fez alguns cursos de audiovisual mantidos pelo programa e
profissionalizou-se. Hoje, trabalha como cameraman em uma
produtora de programas de TV
em São Paulo, fazendo programas
educativos para a TV a cabo.
A experiência profissional está
levando o rapaz a retomar os estudos. Ele está fazendo um curso
supletivo de 1º grau à distância e
pretende ir além. "É um trabalho
que exige conhecimento. Isso me
aproximou da escola. Nesse ramo
é preciso ter um conhecimento
grande", afirma.
A necessidade de se sustentar levou Marisa Martins Nogueira, 20,
a parar de estudar. "Comecei a
procurar emprego para conseguir
dinheiro para continuar os estudos, mas não consigo nada. Aí,
não consigo voltar", diz.
Na expectativa de entrar no
mercado de trabalho, fez cursos
de auxiliar de escritório, operadora de telemarketing e office girl,
mantidos pelo projeto "Vida",
que promove cursos para capacitação de jovens na região do Campo Limpo, zona sul de São Paulo.
A escola, em sua avaliação, pouco colaborou para facilitar seu ingresso no mercado de trabalho.
"Sinto que o que aprendi não me
ajuda a enfrentar o mundo."
O caso de Marisa é semelhante
aos de muitos jovens que interromperam os estudos, mas estão
sem trabalho. A pesquisa da Seade mostra que entre 45% e 50%
dos jovens entre 15 e 24 anos fora
da escola estão sem trabalho.
A maior proporção de desocupados está, justamente, entre os
de menor escolaridade-no grupo que estudou até três anos,
aproximadamente 50% estão sem
trabalho contra cerca de 45% entre os que têm 11 anos de escolaridade (veja quadro à pág. 4-1).
A renda familiar per capita dos
jovens desocupados acompanha
esse perfil. É R$ 200 no primeiro
caso (três anos de escolaridade)
contra cerca de R$ 455, no segundo (11 anos).
(MAv)
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