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EDUCAÇÃO
Custo per capita de aluno do ensino médio caiu de R$ 800 para R$ 630 devido ao aumento nas matrículas
Demanda cresce, mas verba estaciona
da Reportagem Local
Enquanto o número de matrículas no ensino fundamental e no
médio cresceu, o volume de recursos aplicados pelo Estado de
São Paulo nesses níveis tende à
estabilidade, diz o estudo a Fundação Seade.
Esse quadro dificulta a expansão do ensino médio. "Assegurar
o financiamento do ensino médio
parece ser fundamental tanto do
ponto de vista da continuidade
do avanço nos indicadores educacionais, quanto do ponto de
vista de uma política para a juventude", diz o texto.
Segundo o levantamento, o Estado tem aplicado em torno de R$
3,5 bilhões ao ano nesses dois níveis, com quedas representativas
nos períodos de recessão e com
uma recuperação significativa
nos últimos anos. Em 98, foram
gastos R$ 6 bilhões.
Mesmo assim, o valor per capita médio por estudante do ensino
fundamental e do médio ficou,
em 98, em torno de R$ 630. Considerando as despesas com administração, o per capita sobe para
R$ 652. Nos anos 80, o valor unitário por aluno era R$ 800.
A explicação para a queda é
simples: enquanto o volume de
recursos tem se mantido relativamente estável, o número de matrículas vem aumentando -ou
seja, a divisão do bolo tem de ser
feita entre um número maior de
partes, o que implica uma parcela
menor para cada um.
O cálculo da Seade considera
conjuntamente os estudantes dos
dois níveis. Se for feita uma distinção entre os alunos do ensino
fundamental e os do médio, a escassez de recursos para o segundo
fica mais evidente ainda.
Isso ocorre porque, desde que o
Fundef passou a vigorar em 97, o
ensino fundamental conta com
uma fonte de recursos certa. Em
São Paulo, o valor per capita por
aluno está entre R$ 700 e R$ 800.
Além disso, o ensino fundamental conta com recursos de outras fontes e programas federais e
estaduais, que permitem a aquisição de material didático e de merenda escolar, por exemplo.
Caso não sejam levantados recursos adicionais -como o financiamento do BID, que deve
ser assinado no mês que vem-,
os Estados podem ter dificuldade
para atender à demanda.
São Paulo foi o primeiro Estado
a ser indicado pelo governo federal para receber o financiamento
do BID. O Estado pleiteia um empréstimo de US$ 100 milhões em
três anos. Como pelas regras do
financiamento o Estado tem de
dar uma contrapartida, o ensino
médio paulista deverá contar
com R$ 130 milhões adicionais
nos próximos três anos.
Outro ponto levantado pelo estudo é o fato de que as universidades estaduais ficam com 30% do
que se aplica em educação em São
Paulo porque elas recebem 9,57%
da arrecadação com ICMS.
No entanto, com o crescimento
do ensino médio, deve aumentar
a pressão por vagas no ensino superior (veja quadro abaixo).
"Uma alternativa para dar conta da demanda são os cursos sequenciais, que permitem uma
formação de nível superior diferente da acadêmica", diz Helena
Sampaio, pesquisadora do Nupes
(Núcleo de Pesquisas sobre o Ensino Superior) da USP.
(MARTA AVANCINI)
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