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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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FEBEM

Fundação afastou 65 funcionários por maus-tratos e outros 34 por suspeita de permitir motim em Franco da Rocha

Servidores são suspeitos de facilitar rebelião

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) afastou ontem 34 funcionários do complexo de Franco da Rocha (Grande São Paulo) por suspeita de facilitar rebeliões e mais 65, de várias unidades, denunciados pelo Ministério Público por maus-tratos e tortura de adolescentes internos.
Essa foi a medida mais dura do novo presidente da Febem de São Paulo, Sérgio Oliveira e Costa, que enfrentou quatro rebeliões nas unidades 30 e 31 do complexo de Franco da Rocha desde que assumiu o cargo, no último dia 9.
O Ministério Público vê a medida com desconfiança. "É preciso saber como será esse afastamento. Em casos anteriores, os monitores afastados da unidade 30 só foram deslocados para a 31, e vice-versa", afirmou o promotor da Infância e Juventude Wilson Tafner. O sindicato dos funcionários afirma que a denúncia de facilitação de rebelião é infundada.
Os primeiros 34 funcionários afastados estavam de plantão na unidade 31 de Franco da Rocha no último domingo, quando ocorreu uma rebelião. Segundo a assessoria da Febem, foram encontrados indícios de facilitação do tumulto pelos funcionários.
A fundação confirma que existem contradições nos relatos dos monitores, mas informou que os detalhes só serão divulgados no final da sindicância aberta para apurar o motivo das rebeliões.
Conselheiros tutelares (representantes da sociedade civil responsáveis por fiscalizar a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente) que estavam no complexo Franco da Rocha anteontem, durante a rebelião na unidade 31, confirmaram ontem, em reunião com o presidente da Febem, os indícios de facilitação de rebelião por funcionários.
"Os internos falam que os funcionários abrem portas, incitam à revolta e até dão isqueiro para os menores queimarem os colchões", disse a conselheira tutelar Marina de Lourdes de Onofre.
Segundo Ariel de Castro Alves, da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP (Ordem dos Advogados do Brasil), o objetivo é evitar que a ação de alguns funcionários seja fiscalizada.
Dos 65 funcionários afastados por suspeita de maus-tratos, 27 estavam em Franco da Rocha, segundo a Promotoria. Existe outro grupo que foi denunciado, mas não trabalha mais na fundação.
Os funcionários afastados, segundo a Febem, vão fazer serviço burocrático na sede da fundação.
Ontem, a unidade 30 teve um novo tumulto. Segundo a Febem, o conflito durou 30 minutos e foi motivado pela reivindicação do aumento do horário de visita, o que teria sido consentido.


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