São Paulo, terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEGURANÇA SOB AMEAÇA

Fuga de Marcola foi frustrada por escutas telefônicas

Relatório aponta que líder do PCC encomendou fuga

DA REPORTAGEM LOCAL

Relatório da Polícia Civil afirma que o preso Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), determinou uma operação para resgatá-lo do complexo penitenciário de Presidente Bernardes (589 km de SP). O relatório foi enviado ao Ministério Público, que deve pedir hoje à Justiça a transferência de Marcola e de outros líderes da facção criminosa ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado).
A tentativa de resgate foi frustrada pela polícia na semana passada. O relatório do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) aponta escutas telefônicas que teriam flagrado conversas entre presos do PCC e integrantes da facção do lado de fora das cadeias antes e depois da tentativa frustrada de resgate.
Nas conversas, membros do PCC dariam indícios de que a ordem da ação partiu de Marcola e que ele e outros líderes seriam o alvo do resgate. Celas da Penitenciária 1 de Presidente Bernardes -que fica ao lado do Centro de Readaptação Penitenciária, que adota o RDD, regime com normas mais rígidas- tiveram grades serradas para facilitar a fuga. Marcola e Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola -outro integrante da cúpula- , estavam em uma dessas celas.
A Promotoria da Vara de Execuções da Capital deve pedir hoje à Justiça que Marcola e outros líderes sejam transferidos para o RDD. Nesse regime, os presos ficam em celas individuais, só têm direito a uma hora de banho de sol por dia e não têm acesso a televisão, jornais ou revistas.

Apenas nota
Ontem, o secretário da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, não quis falar sobre a investigação e não autorizou que nenhum policial comentasse o caso.
A secretaria apenas divulgou uma nota com sete linhas em que afirma que "a ação foi encomendada por detentos liderados pelo preso Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola". E concluiu: "As providências quanto aos presos devem ser tomadas pela SAP [Secretaria da Administração Penitenciária]".
O relatório da polícia foi enviado para a SAP, que não se pronunciou a respeito. Segundo a assessoria, o secretário Nagashi Furukawa só iria falar depois de analisar os documentos.
A polícia paulista acredita que a possibilidade de Marcola ser transferido para o RDD fez integrantes da facção iniciarem vários atentados contra policiais e prédios públicos. O governo só admite a relação de três ações -que mataram um PM e feriram outros dois, na semana passada.
No final de semana, uma base da Guarda Civil de Guarulhos (Grande SP) foi atingidas por tiros, mas não houve feridos. Em Cotia (também na Grande SP), guardas-civis foram atacados durante um patrulhamento. Uma guarda teve o olho esquerdo atingido por estilhaços da janela do carro quebrado pelos tiros. Também nesses casos, a secretaria nega relação com ações comandadas pelo PCC.


Texto Anterior: Caso Richthofen: Pai estuprou Suzane, dizem Cravinhos
Próximo Texto: Panorâmica - Presídios: Coordenador é denunciado por corrupção
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.