São Paulo, terça-feira, 17 de janeiro de 2006

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Abandonada pela prefeitura, praia de Florianópolis vira esgoto

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Na praia do Balneário Estreito, não há guarda-sol, não há cadeira na areia, não há banhista. O que se vê é sujeira. E esgoto. Uma das 42 praias de Florianópolis, ela não é nem de longe um cartão-postal, como Ingleses, Joaquina, Mole ou Canavieiras.
Há pneu e roupa suja na areia, e o mar é turvo -canos de esgoto desembocam direto na água. São as casas de madeira que, de forma improvisada, disputam um lugar à beira-mar.
Ela é considerada sempre imprópria para banho nos boletins de balneabilidade.
A praia fica no continente, perto da ponte Hercílio Luz. Na orla, os próprios comerciantes dizem que há mais de 20 anos ninguém pisa na areia.
Diferentemente das do norte da ilha, a praia foi esquecida. No fim do ano passado, a Justiça condenou a prefeitura por abandono.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre (RS), confirmou sentença de primeira instância e determinou à administração que lacrasse todas as ligações clandestinas de esgoto que deságuam no mar e proibisse os despejos na praia.
Na decisão, o desembargador Carlos Eduardo Lenz concordou com o Ministério Público Federal que o problema é grave e que não recebe atenção da prefeitura.
Além de não permitir novas construções, o município precisa ter um plano de manutenção e limpeza da praia, diz a sentença.
A Folha esteve no local na sexta-feira passada. Até agora, nada mudou.

Operação
De acordo com o assessor-chefe da Vigilância em Saúde, Edson Luís de Oliveira, 49, já está em curso a operação de retirada das casas de palafita e de seus moradores. O problema teve início, diz, há alguns anos, quando um hospital passou a jogar os detritos em rede de esgoto ligada ao mar. "Hoje, a maioria das casas está ligada à rede [de saneamento]."
Oliveira, que diz ter sido criado no Estreito e se banhado nas águas, admite que será difícil o trabalho de recuperação da praia, mas que haverá uma limpeza da área. "[Só] com muita conscientização e muita multa [haverá mudanças]", ressalta.

Farofeiro
Para coibir a "farofa" na praia, a Prefeitura de Itapema (76 km de Florianópolis) sancionou uma lei que obriga os ônibus de excursão a pagar R$ 1.020 caso pretendam ficar no balneário por menos de 24 horas. Segundo a prefeitura, o valor, que antes era de R$ 50, visa selecionar o público.


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