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Abandonada pela prefeitura,
praia de Florianópolis vira esgoto
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS
Na praia do Balneário Estreito,
não há guarda-sol, não há cadeira
na areia, não há banhista. O que se
vê é sujeira. E esgoto. Uma das 42
praias de Florianópolis, ela não é
nem de longe um cartão-postal,
como Ingleses, Joaquina, Mole ou
Canavieiras.
Há pneu e roupa suja na areia, e
o mar é turvo -canos de esgoto
desembocam direto na água. São
as casas de madeira que, de forma
improvisada, disputam um lugar
à beira-mar.
Ela é considerada sempre imprópria para banho nos boletins
de balneabilidade.
A praia fica no continente, perto
da ponte Hercílio Luz. Na orla, os
próprios comerciantes dizem que
há mais de 20 anos ninguém pisa
na areia.
Diferentemente das do norte da
ilha, a praia foi esquecida. No fim
do ano passado, a Justiça condenou a prefeitura por abandono.
O Tribunal Regional Federal da
4ª Região, em Porto Alegre (RS),
confirmou sentença de primeira
instância e determinou à administração que lacrasse todas as ligações clandestinas de esgoto que
deságuam no mar e proibisse os
despejos na praia.
Na decisão, o desembargador
Carlos Eduardo Lenz concordou
com o Ministério Público Federal
que o problema é grave e que não
recebe atenção da prefeitura.
Além de não permitir novas
construções, o município precisa
ter um plano de manutenção e
limpeza da praia, diz a sentença.
A Folha esteve no local na sexta-feira passada. Até agora, nada
mudou.
Operação
De acordo com o assessor-chefe
da Vigilância em Saúde, Edson
Luís de Oliveira, 49, já está em
curso a operação de retirada das
casas de palafita e de seus moradores. O problema teve início, diz,
há alguns anos, quando um hospital passou a jogar os detritos em
rede de esgoto ligada ao mar.
"Hoje, a maioria das casas está ligada à rede [de saneamento]."
Oliveira, que diz ter sido criado
no Estreito e se banhado nas
águas, admite que será difícil o
trabalho de recuperação da praia,
mas que haverá uma limpeza da
área. "[Só] com muita conscientização e muita multa [haverá mudanças]", ressalta.
Farofeiro
Para coibir a "farofa" na praia, a
Prefeitura de Itapema (76 km de
Florianópolis) sancionou uma lei
que obriga os ônibus de excursão
a pagar R$ 1.020 caso pretendam
ficar no balneário por menos de
24 horas. Segundo a prefeitura, o
valor, que antes era de R$ 50, visa
selecionar o público.
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