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Cursos de direito têm pior desempenho em avaliação da OAB
Taxa de faculdades recomendadas é a menor das três relações organizadas pela Ordem dos Advogados do Brasil desde 2001
Das 322 instituições de ensino avaliadas no país, apenas 87 receberam o selo de qualidade da ordem, o que representa 27,02%
VINICIUS ABBATE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cursos de direito tiveram
o seu pior desempenho na avaliação feita pela OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) a cada
três anos. De acordo com lista
divulgada ontem, a taxa de cursos recomendados para 2007
diminuiu proporcionalmente
3,19% em relação a 2004 e 8,4%
se comparada ao resultado
de 2001.
A OAB considera que, neste
ano, 87 cursos merecem o selo
de qualidade "OAB Recomenda", o que representa 27,02%
dos 322 cursos avaliados.
O resultado é obtido a partir
de análises do conselho federal
da instituição, que divulga a lista desde 2001. Entre os critérios utilizados estão o desempenho no Exame Nacional de
Cursos (antigo Provão) e no
exame da OAB.
Na avaliação anterior, em
2004, o número de cursos recomendados (60) e avaliados
(215) foi menor que em 2007.
Porém, proporcionalmente o
desempenho dos cursos foi melhor naquele ano -27,91% receberam o selo de qualidade.
Em 2001, a porcentagem de
cursos recomendados também
foi maior: 29,5%. Dos 176 avaliados, 52 foram aprovados.
Nesta edição, três Estados
não tiveram cursos recomendados: Amapá, Roraima e Tocantins. Já Mato Grosso do Sul
conseguiu entrar na lista com
quatro cursos recomendados.
Existem hoje no Brasil 1.066
cursos de direito, de acordo
com o Ministério da Educação.
Em 2004, o número de cursos
de direito era de 420, um incremento de 153%.
Proliferação
O presidente da Comissão de
Ensino Jurídico do Conselho
Federal da OAB, Paulo Roberto
Medina, afirma que a avaliação
não visa estabelecer um ranking entre as faculdades. Ele
admite queda na qualidade do
ensino. "A proliferação de cursos prejudica a qualidade", diz.
Para Carlos Ari Sundfeld,
presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público, o pior
desempenho dos cursos se deve
ao baixo nível de conhecimento
e de preparo dos alunos. "Ficou
muito fácil entrar em um curso.
Não há seleção", diz.
O exame da OAB, que reprova boa parte dos candidatos,
também foi apontado por
Sundfeld como motivo para a
queda.
Já para o diretor da Faculdade de Direito da USP, João
Grandino Rodas, a queda de 3%
em relação a 2004 não é representativa.
Ele afirma que a OAB deve
cuidar para que as recomendações não incentivem a abertura
de vagas nas faculdades "premiadas" de forma indiscriminada, o que contribuiria para
piorar a qualidade de ensino.
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