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Cálcio pode elevar risco de ataque cardíaco, diz pesquisa
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Suplementos de cálcio podem aumentar o risco de ataques cardíacos em mulheres
idosas, sugere uma pesquisa
publicada anteontem na revista médica especializada "British Medical Journal". Em geral, o cálcio é receitado a mulheres na pós-menopausa, no
tratamento da osteoporose
(perda de densidade óssea).
O estudo, da Universidade de
Auckland (Nova Zelândia),
acompanhou 1.471 mulheres,
na faixa dos 70 anos, durante
cinco anos. Um grupo tomou
placebo e o outro, cálcio.
A análise mostrou que as mulheres que tomaram cálcio tiveram duas vezes mais riscos de
ter um ataque cardíaco em
comparação às que receberam
placebo. Os autores dizem que
analisaram os prontuários hospitalares das participantes para
checar se elas haviam omitido
informações que pudessem alterar os resultados.
Para os pesquisadores, o suplemento pode elevar o risco de
ataque cardíaco por acelerar o
endurecimento dos vasos sangüíneos. Análises anteriores já
chegaram a indicar o contrário,
que o suplemento poderia até
proteger contra doenças vasculares, ao diminuir os níveis de
colesterol ruim no sangue, aumentar o bom colesterol e reduzir a pressão arterial.
Segundo o coordenador da
pesquisa, Ian Reid, professor da
faculdade de medicina da Universidade de Auckland, os resultados apontam que os médicos deveriam ser mais cautelosos em indicar o suplemento a
mulheres acima de 70 anos e
para aquelas que sabidamente
têm doenças cardíacas.
Já os médicos brasileiros dizem que o estudo não é conclusivo. O cardiologista Bráulio
Luna Filho, professor da Unifesp, afirma que, apesar de o
trabalho ser interessante, serão
necessárias outras pesquisas
para comprovar essa hipótese.
Mas, afinal, o que as mulheres devem fazer? Por enquanto,
nada, dizem os médicos. Para
Luna Filho, as mulheres que já
usam cálcio não devem interromper o tratamento sem autorização do médico.
Especialista em metodologia
científica, o cardiologista diz
que o estudo tem problemas
metodológicos, como o fato de
ser secundário, ou seja, realizado para um determinado fim
(avaliar o risco de fratura óssea) e, depois, usado como banco de dados para uma segunda
análise. "Nada garante que os
pacientes dos dois grupos sejam equivalentes, apesar das
variáveis analisadas. Por enquanto, o estudo não assusta."
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