São Paulo, quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

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Cálcio pode elevar risco de ataque cardíaco, diz pesquisa

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Suplementos de cálcio podem aumentar o risco de ataques cardíacos em mulheres idosas, sugere uma pesquisa publicada anteontem na revista médica especializada "British Medical Journal". Em geral, o cálcio é receitado a mulheres na pós-menopausa, no tratamento da osteoporose (perda de densidade óssea).
O estudo, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia), acompanhou 1.471 mulheres, na faixa dos 70 anos, durante cinco anos. Um grupo tomou placebo e o outro, cálcio.
A análise mostrou que as mulheres que tomaram cálcio tiveram duas vezes mais riscos de ter um ataque cardíaco em comparação às que receberam placebo. Os autores dizem que analisaram os prontuários hospitalares das participantes para checar se elas haviam omitido informações que pudessem alterar os resultados.
Para os pesquisadores, o suplemento pode elevar o risco de ataque cardíaco por acelerar o endurecimento dos vasos sangüíneos. Análises anteriores já chegaram a indicar o contrário, que o suplemento poderia até proteger contra doenças vasculares, ao diminuir os níveis de colesterol ruim no sangue, aumentar o bom colesterol e reduzir a pressão arterial.
Segundo o coordenador da pesquisa, Ian Reid, professor da faculdade de medicina da Universidade de Auckland, os resultados apontam que os médicos deveriam ser mais cautelosos em indicar o suplemento a mulheres acima de 70 anos e para aquelas que sabidamente têm doenças cardíacas.
Já os médicos brasileiros dizem que o estudo não é conclusivo. O cardiologista Bráulio Luna Filho, professor da Unifesp, afirma que, apesar de o trabalho ser interessante, serão necessárias outras pesquisas para comprovar essa hipótese.
Mas, afinal, o que as mulheres devem fazer? Por enquanto, nada, dizem os médicos. Para Luna Filho, as mulheres que já usam cálcio não devem interromper o tratamento sem autorização do médico.
Especialista em metodologia científica, o cardiologista diz que o estudo tem problemas metodológicos, como o fato de ser secundário, ou seja, realizado para um determinado fim (avaliar o risco de fratura óssea) e, depois, usado como banco de dados para uma segunda análise. "Nada garante que os pacientes dos dois grupos sejam equivalentes, apesar das variáveis analisadas. Por enquanto, o estudo não assusta."


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