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JOSÉ DE CASTRO BIGI (1929-2009)
Ex-presidente da OAB-SP e corintiano roxo
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram 15 dias de campanha. Os esforços de José de
Castro Bigi em presidir seu
time do coração, porém, não
foram suficientes: em 1969,
perdeu, mas saiu "engrandecido" das eleições, escreveu,
na época, o jornalista Lourenço Diaféria, nesta Folha.
"Seu argumento maior é o
amor que dedica ao Corinthians, que quer ver sempre
mais respeitado e mais poderoso", registrou o repórter.
Corintiano roxo, foi conselheiro vitalício do clube.
Chegou inclusive a sofrer um
acidente de avião com o time, lembra a filha Marina.
Por sorte, foi só um susto.
Mas foi como advogado
que Bigi se destacou -e venceu eleições: presidiu a OAB
(Ordem dos Advogados do
Brasil) de SP por duas vezes:
no início dos anos 80, tendo
o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos como vice, e no
começo dos anos 90.
Bigi foi responsável pela
instalação da Comissão de
Direitos Humanos na Ordem e defensor da abertura
política no país. "A ditadura
é incompatível com a independência e com a autonomia que devem nortear a
função do advogado", disse à
Folha, em 1981.
Em 1992, lembra o advogado Pedro Lessi, que foi seu
sócio, Bigi estava no presídio
do Carandiru, em SP, quando
111 presos foram mortos pela
polícia -tentava negociar
uma solução pacífica.
"Ele fazia consultas gratuitas, muitas vezes tirou do
próprio bolso. É um ícone da
advocacia no país", afirma.
Para a advogada Priscila
Fonseca, que trabalhou com
ele, Bigi era muito "jeitoso"
ao tratar as pessoas. "Ele era
uma peça rara: cativante,
boêmio, amante de vinho,
ópera e poesia. E corintiano."
Especialista em direito da
família, foi juiz do TRE-SP
(Tribunal Regional Eleitoral), deu aulas de direito civil
e comandou a Aasp (Associação dos Advogados de SP).
Morreu anteontem, aos
79, em SP, em decorrência de
problemas cardíacos. Deixa
cinco filhos e seis netos.
obituario@grupofolha.com.br
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