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Justiça dá 48 h para Sabesp melhorar água do Guarujá
Se ordem for descumprida, presidente da estatal pode ser processado por desobediência
Também foi fixada uma multa de R$ 300 mil por dia por coliformes fecais na água; prazo começa a contar após empresa ser notificada
CONRADO CORSALETTE
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça deu um prazo de 48
horas, após notificação, para
que a Sabesp (Companhia de
Saneamento Básico do Estado
de São Paulo) melhore a qualidade da água fornecida ao município do Guarujá, sob o risco
de o presidente da estatal, Gesner Oliveira, ser processado
por crime de desobediência -o
que pode levar à sua detenção.
Além disso, a decisão liminar
proferida no dia 30 de dezembro pelo juiz da 3ª Vara Cível
local, Gustavo Alvarez, triplicou o valor da multa que vem
sendo aplicada diariamente à
Sabesp desde maio de 2007, pelo fato de a empresa fornecer
água imprópria para a cidade.
Cabe recurso da decisão.
A partir de agora, a estatal terá de pagar R$ 300 mil por dia
se não regularizar a situação a
partir do momento em que for
notificada, o que ainda não
ocorreu. O pagamento, na prática, tem de ser feito só quando
o mérito da ação for julgado.
A assessoria de imprensa da
Sabesp disse que não iria se
pronunciar a respeito do assunto, pois ainda não havia sido
notificada (leia nesta pág.).
A ação civil pública foi proposta pela ONG Princípios,
motivada por uma reportagem
da Folha de abril de 2007. O
jornal revelou que, à época, testes encontraram no litoral coliformes acima do estabelecido
pelo Ministério da Saúde.
Em maio daquele ano, a
ONG conseguiu sua primeira
vitória na Justiça, obtendo
uma liminar que determinou
multa diária de R$ 100 mil à Sabesp por fornecer água imprópria para consumo no Guarujá.
Desde então, segundo o advogado da entidade, a estatal nunca regularizou a situação.
"O importante, agora, é que,
pela primeira vez, o presidente
da Sabesp pode ser responsabilizado criminalmente", afirmou Sidnei Aranha. "Muito me
admira que um governador não
consiga oferecer água potável
para a população", disse.
Os laudos que apontam a baixa qualidade da água foram feitos pela Vigilância Sanitária da
cidade, pelo Instituto Adolfo
Lutz e pela própria Sabesp.
Segundo esses laudos, as
amostras apresentam coliformes totais acima do que a legislação permite. Coliformes totais são encontrados em fezes e
em matérias orgânicas e indicam a possibilidade de a água
transmitir doenças, como hepatite, cólera e diarreias.
Segundo Aranha, as providências tomadas pela Sabesp
são insuficientes. "O máximo
que eles têm feito é aumentar a
dosagem de cloro na água",
afirmou o advogado da ONG.
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