São Paulo, domingo, 17 de janeiro de 2010

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Pantanal e Amazônia são opções para conhecer a fauna brasileira

Confira o que se pode encontrar nos mais tradicionais destinos ecoturísticos do país

DA REVISTA DA FOLHA

"Desligue o motor. Eu vi olhos azuis." A frase do geógrafo Eder Renato, 27, é para o motorista do caminhão que conduz um passeio noturno nas redondezas de uma fazenda no Pantanal. Tudo fica em silêncio. A lanterna que varria o horizonte é apagada.
Entre as mais de 80 espécies de mamíferos que habitam esse ecossistema, a onça-pintada é considerada o animal mais cobiçado pelos turistas. É um exemplo de como a riqueza da fauna brasileira é um convite irrecusável para aqueles que gostam de associar viagem, aventura e natureza.
Por isso, a reportagem selecionou dois dos mais tradicionais destinos do turismo ecológico -o Pantanal e a Amazônia- para uma mostra do que se pode desfrutar de um Brasil ainda selvagem.

Pantanal
Ir ao Pantanal virou expedição de turista. Está mais acessível explorar essa vasta planície de 210 mil km2 que se espalha por três países e abriga, entre outros bichos, mais de 650 espécies de aves. Perto de Miranda (MS), é possível ver um dos fenômenos mais bonitos da área: a peregrinação dos papagaios-verdadeiros.
Ameaçado de extinção devido ao tráfico ilegal e à predação natural, o conhecido louro de penas verdes no corpo e amarelas ao redor dos olhos não tem vida fácil no seu habitat. Só no ano passado, a polícia apreendeu 788 filhotes que seriam comercializados.
Para se proteger, o papagaio costuma construir seus ninhos no alto de árvores como palmeiras e mangueiras, de preferência as que têm o tronco oco e são mais velhas.
Quando cai o sol, todos voam para o mesmo lugar. Eles vêm em bandos, a maioria em casal, manchando de verde o céu azulado. Chegam fazendo uma algazarra e se refugiam na copa das árvores. "Fico aqui uns 40 minutos rastreando com os olhos e fazendo a contagem", diz Gláucia Seixas, coordenadora do Projeto Papagaio-Verdadeiro. Chegam por noite de 800 a 1.500 papagaios.
O mesmo trabalho de preservação é feito pelo Projeto Arara-Azul, cuja sede também fica no refúgio, a 220 km de Campo Grande, que conseguiu aumentar a população da espécie de 1.500 para 5.000 em quase duas décadas. Hoje, a ave faz parte da paisagem do Pantanal e pode ser vista aos montes no alto do manduvi, sua árvore preferida como abrigo.
Para quem gosta de chegar pertinho dos jacarés, o melhor ponto fica na ponte do Paizinho, onde os répteis que são a cara do Pantanal se aglomeram para tomar banho de sol. Na companhia de um guia, dá para descer sob a ponte e observá-los saindo da água e se debruçando um sobre o outro.
O multicolorido pôr do sol pantaneiro é o maior cartão-postal da região. Uma boa dica é pegar uma canoa canadense e remar nas baías ao lado dos jacarés. Observar o sol se diluindo em cores no horizonte é uma experiência única.

Amazônia
Cinco horas de voo, partindo de São Paulo, depois o desembarque em Manaus, fila para a balsa, travessia de rio sob sol de 40C e mais um traslado de três horas em estrada de asfalto. Esse é o caminho para chegar ao arquipélago de Anavilhanas, com 400 ilhas intocadas e verdes espalhadas pelo rio Negro, no coração da Amazônia.
Os grupos de expedição se formam muito cedo. Entre 5h e 5h30, partem os barcos em direção ao arquipélago.
Nesse local, o animal que mais aparece para dar as boas-vindas -principalmente nos passeios realizados durante a noite- é o jacaré-açu. Para encontrá-lo, o guia aponta uma lanterna em direção à margem. Da embarcação, os visitantes enxergam pequenos pontos reluzentes, a luz refletida pelos olhos dos animais.
Quando um jacaré mais encorpado -com cerca de 2,5 m de comprimento- aparece próximo à embarcação, ficam todos um tanto tensos. Ninguém ousa mexer um dedo sequer, e a imaginação passa a vasculhar cenas dignas de filmes de terror.
Para completar esse roteiro, um mergulho com botos-cor-de-rosa em um cais na cidade mais próxima, Novo Airão. A água não é das mais limpas por conta dos bares da região. Mas o canto dos simpáticos mamíferos faz com que quase todos se lancem a mais um teste de bravura e coragem. (GUSTAVO FIORATTI E FERNANDO MASINI)


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