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Pantanal e Amazônia são opções para conhecer a fauna brasileira
Confira o que se pode encontrar nos mais tradicionais destinos ecoturísticos do país
DA REVISTA DA FOLHA
"Desligue o motor. Eu vi
olhos azuis." A frase do geógrafo Eder Renato, 27, é para o motorista do caminhão que conduz um passeio noturno nas redondezas de uma fazenda no
Pantanal. Tudo fica em silêncio. A lanterna que varria o horizonte é apagada.
Entre as mais de 80 espécies
de mamíferos que habitam esse
ecossistema, a onça-pintada é
considerada o animal mais cobiçado pelos turistas. É um
exemplo de como a riqueza da
fauna brasileira é um convite
irrecusável para aqueles que
gostam de associar viagem,
aventura e natureza.
Por isso, a reportagem selecionou dois dos mais tradicionais destinos do turismo ecológico -o Pantanal e a Amazônia- para uma mostra do que
se pode desfrutar de um Brasil
ainda selvagem.
Pantanal
Ir ao Pantanal virou expedição de turista. Está mais acessível explorar essa vasta planície
de 210 mil km2 que se espalha
por três países e abriga, entre
outros bichos, mais de 650 espécies de aves. Perto de Miranda (MS), é possível ver um dos
fenômenos mais bonitos da
área: a peregrinação dos papagaios-verdadeiros.
Ameaçado de extinção devido ao tráfico ilegal e à predação
natural, o conhecido louro de
penas verdes no corpo e amarelas ao redor dos olhos não
tem vida fácil no seu habitat. Só
no ano passado, a polícia
apreendeu 788 filhotes que seriam comercializados.
Para se proteger, o papagaio
costuma construir seus ninhos
no alto de árvores como palmeiras e mangueiras, de preferência as que têm o tronco oco
e são mais velhas.
Quando cai o sol, todos voam
para o mesmo lugar. Eles vêm
em bandos, a maioria em casal,
manchando de verde o céu azulado. Chegam fazendo uma algazarra e se refugiam na copa
das árvores. "Fico aqui uns 40
minutos rastreando com os
olhos e fazendo a contagem",
diz Gláucia Seixas, coordenadora do Projeto Papagaio-Verdadeiro. Chegam por noite de
800 a 1.500 papagaios.
O mesmo trabalho de preservação é feito pelo Projeto Arara-Azul, cuja sede também fica
no refúgio, a 220 km de Campo
Grande, que conseguiu aumentar a população da espécie de
1.500 para 5.000 em quase
duas décadas. Hoje, a ave faz
parte da paisagem do Pantanal
e pode ser vista aos montes no
alto do manduvi, sua árvore
preferida como abrigo.
Para quem gosta de chegar
pertinho dos jacarés, o melhor
ponto fica na ponte do Paizinho, onde os répteis que são a
cara do Pantanal se aglomeram
para tomar banho de sol. Na
companhia de um guia, dá para
descer sob a ponte e observá-los saindo da água e se debruçando um sobre o outro.
O multicolorido pôr do sol
pantaneiro é o maior cartão-postal da região. Uma boa dica
é pegar uma canoa canadense e
remar nas baías ao lado dos jacarés. Observar o sol se diluindo em cores no horizonte é
uma experiência única.
Amazônia
Cinco horas de voo, partindo
de São Paulo, depois o desembarque em Manaus, fila para a
balsa, travessia de rio sob sol de
40C e mais um traslado de três
horas em estrada de asfalto. Esse é o caminho para chegar ao
arquipélago de Anavilhanas,
com 400 ilhas intocadas e verdes espalhadas pelo rio Negro,
no coração da Amazônia.
Os grupos de expedição se
formam muito cedo. Entre 5h e
5h30, partem os barcos em direção ao arquipélago.
Nesse local, o animal que
mais aparece para dar as boas-vindas -principalmente nos
passeios realizados durante a
noite- é o jacaré-açu. Para encontrá-lo, o guia aponta uma
lanterna em direção à margem.
Da embarcação, os visitantes
enxergam pequenos pontos reluzentes, a luz refletida pelos
olhos dos animais.
Quando um jacaré mais encorpado -com cerca de 2,5 m
de comprimento- aparece
próximo à embarcação, ficam
todos um tanto tensos. Ninguém ousa mexer um dedo sequer, e a imaginação passa a
vasculhar cenas dignas de filmes de terror.
Para completar esse roteiro,
um mergulho com botos-cor-de-rosa em um cais na cidade
mais próxima, Novo Airão. A
água não é das mais limpas por
conta dos bares da região. Mas
o canto dos simpáticos mamíferos faz com que quase todos
se lancem a mais um teste de
bravura e coragem.
(GUSTAVO FIORATTI E FERNANDO MASINI)
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