São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

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PM sabia da invasão desde sexta passada

RAPHAEL GOMIDE
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança sabia desde a sexta-feira passada de planos de invasão da Rocinha antes do Carnaval, mas nem a Secretaria da Segurança Pública, que comanda as polícias, nem a Polícia Civil, à qual cabe a tarefa de investigação, receberam a informação.
Apenas a Polícia Militar foi avisada, "por telefone, em informe nada circunstanciado, de que quadrilhas rivais tramavam a invasão" à favela, afirmou o comandante da PM, Hudson de Aguiar, de acordo com a assessoria de comunicação da secretaria.
Na opinião de Aguiar, a PM atuou corretamente, reforçando o "anel em torno da Rocinha", cercando as principais vias de acesso. Segundo o comandante, demonstração disso é o fato de os bandidos só terem entrado na favela pela mata, no alto do morro.
A operação, porém, não deu certo, já que não evitou a investida dos traficantes, resultando na morte de seis pessoas. "Os dados não foram com muita substância", afirmou o relações-públicas da PM, tenente-coronel Aristeu Leonardo. A corporação não informou ontem o número de PMs que teriam sido deslocados para o local até a quinta-feira nem quantos estão participando da ação.
O secretário de Segurança, Marcelo Itagiba, concedeu entrevistas apenas para emissoras de TV e rádio. Alegando compromissos, não recebeu a Folha, que permaneceu das 12h às 18h na sede da secretaria. À televisão, Itagiba afirmou que a invasão "não poderia ter sido evitada, porque foi de dentro da comunidade, com apoio de dentro".
"Ninguém invade sem apoio de dentro da comunidade, com estrutura interna. A polícia se fez presente, rechaçou parte dos bandidos, que entraram pela mata. Não há como evitar", disse.
Falando de números positivos da secretaria, como apreensão de armas e prisões, Itagiba disse que segurança pública "tem início, meio, mas não tem fim". Ele prometeu dar nova força ao projeto de um Batalhão da Polícia Militar na Rocinha "o quanto antes".
De acordo com a polícia, o sumiço, nas últimas duas semanas, de sete supostos informantes do CV infiltrados na Rocinha apressou o ataque. Eles possivelmente foram assassinados. O revés teria levado o CV a fazer a invasão.
Atingida pelo ataque, ADA já prepara o troco ao Comando Vermelho, acredita a polícia, que agora teme uma nova guerra entre os traficantes.


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