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Chuva "pequena"
transtorna cidade
ANDRÉ MUGGIATI
da Reportagem Local
Quanto precisa chover em São
Paulo para que se instale o caos?
"Cada vez menos", diz o diretor
do DAEE (Departamento de
Águas e Esgotos, do governo estadual), o engenheiro Mário Tadeu
Leme de Barros. Para ele, chuvas
como as de ontem e anteontem, há
15 anos, não causavam os transtornos que provocaram.
Segundo medições do DAEE,
anteontem choveu, em média, 30
mm na cidade de São Paulo. Na
manhã de ontem, entre as 7h e as
12h, choveu outros 20 mm. Os valores, de acordo com Barros, "são
corriqueiros, se comparados a
grandes chuvas já registradas".
O ano de 98 não é atípico em termos de chuvas. Até agora, as precipitações estão abaixo das médias
históricas.
Segundo o engenheiro, que é
também professor da Escola Politécnica da USP, "chuvas cada vez
menores tendem a causar transtornos cada vez maiores".
Isso porque, de acordo com ele,
o ritmo das obras antienchentes
não acompanha o crescimento da
cidade. O asfaltamento das ruas
impermeabiliza o solo. Por isso
são necessárias galerias subterrâneas cada vez maiores, para dar
vazão à água.
Outras obras essenciais para evitar as enchentes são o rebaixamento da calha e o desassoreamento (retirada de barro e lixo do
leito) do rio Tietê. Essas obras são
importantes para evitar que o rio
transborde. Também é importante a limpeza das ruas, para evitar
que o lixo entupa os bueiros ou vá
parar no rio, agravando esse problema.
Segundo Barros, o caos também
aumenta com os sucessivos dias de
chuva. Vários dias seguidos com
chuva fazem com que o solo fique
encharcado, impossibilitado de
absorver a água. É a principal causa dos deslizamentos em áreas de
risco, pois a terra dos barrancos
fica mais pesada e barrenta, tendendo a desmoronar.
Portanto, os problemas enfrentados pelos paulistanos nos últimos dias podem aumentar, caso
continue chovendo. E as previsões
meteorológicas são de que haja
mais chuva, pelo menos até amanhã.
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