São Paulo, terça, 17 de fevereiro de 1998

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CARNAVAL
ONGs de SP descobrem papel dentro de porta-preservativos em lote distribuído pelo Ministério da Saúde
Governo doa papelão no lugar de camisinha

AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local

Pelo menos 25% dos porta-preservativos enviados a São Paulo pelo Ministério da Saúde trazem um pedaço de papelão em lugar da camisinha. Três ONGs estavam ontem à tarde abrindo cada uma das caixinhas para substituir os pedaços de papelão por preservativos.
A ""fraude do papelão", como já está sendo chamada, foi descoberta na madrugada de sábado quando voluntários do Grupo Pela Vidda distribuíam porta-preservativos para frequentadores de um bar gay, nos Jardins.
""Muitos começaram a devolver as caixinhas perguntando se estávamos brincando com eles", diz Renato de Paula Marin, coordenador de prevenção do Pela Vidda. ""Quando vimos o que estava acontecendo, paramos a distribuição e formos abrir os envelopes."
Segundo Marin, em cerca de 4.000 porta-preservativos foram encontrados 700 com papelão. Informados do que estava acontecendo, o Gapa e o GIV - duas outras ONGs de São Paulo- também passaram a abrir as caixinhas.
Wildney Contrera, do Gapa, disse que cerca de 30% das caixinhas tinham papelão. O GIV começou a abrir os porta-preservativos ontem à noite. ""Mais de 10% estão vazios ou recheados com papel", disse Claudio Pereira, diretor do grupo.
Pedro Chequer, coordenador do programa nacional de DST-Aids do Ministério da Saúde, disse que ordenou uma investigação e ""solução imediata". ""Pode ter ocorrido uma tentativa de lesar o ministério, e isso é muito grave."
Chequer não tinha obtido ainda uma posição da Master, empresa contratada pelo ministério para realizar o marketing da campanha e a distribuição dos preservativos. A empresa Clichepar, de Curitiba, que produziu os porta-preservativos e os embalou, informou ao ministério que as caixinhas foram checadas por amostragem.
Segundo Chequer, 2 milhões de porta-preservativos, com uma camisinha cada, estão sendo distribuídos neste Carnaval para ONGs e secretarias estaduais e municipais da saúde. Outros 10 milhões de preservativos também estão sendo entregues.
De acordo com o ministério, só ONGs de São Paulo se queixaram até agora dos porta-preservativos. A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo deve receber hoje cerca de 150 mil porta-preservativos. ""Vamos checar as caixinhas antes de distribuí-las", disse Artur Kalichman, coordenador do programa estadual.
Representantes de ONGs disseram que até agora receberam metade dos preservativos esperados para o Carnaval. ""Além do atraso no calendário, temos de ficar checando as caixinhas antes de distribuí-las", disse Marin.



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