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CARNAVAL
ONGs de SP descobrem papel dentro de porta-preservativos em lote distribuído pelo Ministério da Saúde
Governo doa papelão no lugar de camisinha
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
Pelo menos 25% dos porta-preservativos enviados a São Paulo
pelo Ministério da Saúde trazem
um pedaço de papelão em lugar da
camisinha. Três ONGs estavam
ontem à tarde abrindo cada uma
das caixinhas para substituir os
pedaços de papelão por preservativos.
A ""fraude do papelão", como já
está sendo chamada, foi descoberta na madrugada de sábado quando voluntários do Grupo Pela Vidda distribuíam porta-preservativos para frequentadores de um
bar gay, nos Jardins.
""Muitos começaram a devolver
as caixinhas perguntando se estávamos brincando com eles", diz
Renato de Paula Marin, coordenador de prevenção do Pela Vidda.
""Quando vimos o que estava
acontecendo, paramos a distribuição e formos abrir os envelopes."
Segundo Marin, em cerca de
4.000 porta-preservativos foram
encontrados 700 com papelão. Informados do que estava acontecendo, o Gapa e o GIV - duas outras ONGs de São Paulo- também passaram a abrir as caixinhas.
Wildney Contrera, do Gapa, disse que cerca de 30% das caixinhas
tinham papelão. O GIV começou a
abrir os porta-preservativos ontem à noite. ""Mais de 10% estão
vazios ou recheados com papel",
disse Claudio Pereira, diretor do
grupo.
Pedro Chequer, coordenador do
programa nacional de DST-Aids
do Ministério da Saúde, disse que
ordenou uma investigação e ""solução imediata". ""Pode ter ocorrido uma tentativa de lesar o ministério, e isso é muito grave."
Chequer não tinha obtido ainda
uma posição da Master, empresa
contratada pelo ministério para
realizar o marketing da campanha
e a distribuição dos preservativos.
A empresa Clichepar, de Curitiba,
que produziu os porta-preservativos e os embalou, informou ao
ministério que as caixinhas foram
checadas por amostragem.
Segundo Chequer, 2 milhões de
porta-preservativos, com uma camisinha cada, estão sendo distribuídos neste Carnaval para ONGs
e secretarias estaduais e municipais da saúde. Outros 10 milhões
de preservativos também estão
sendo entregues.
De acordo com o ministério, só
ONGs de São Paulo se queixaram
até agora dos porta-preservativos.
A Secretaria Estadual da Saúde de
São Paulo deve receber hoje cerca
de 150 mil porta-preservativos.
""Vamos checar as caixinhas antes
de distribuí-las", disse Artur Kalichman, coordenador do programa estadual.
Representantes de ONGs disseram que até agora receberam metade dos preservativos esperados
para o Carnaval. ""Além do atraso
no calendário, temos de ficar checando as caixinhas antes de distribuí-las", disse Marin.
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