São Paulo, terça, 17 de fevereiro de 1998

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'Vai prejudicar vítima de estupro'

da Agência Folha, em Londrina

A socióloga Dora Barnabé, 48, titular da Secretaria Especial da Mulher de Londrina (PR), disse acreditar que o fim do sigilo de Justiça para pedidos de autorização de aborto iria prejudicar "principalmente as mulheres vítimas de estupro".
Segundo ela, qualquer organização tem o direito de manifestar sua filosofia, seja religiosa ou não, "mas o fim do segredo teria consequências não só para a decisão sobre o aborto em si, mas no respeito à individualidade de cada um". Números do Centro de Atendimento à Mulher, órgão da Secretaria Especial da Mulher, mostram que no ano passado nenhum caso de estupro foi denunciado em Londrina.
"Esse medo de denunciar já é grande. Imagine com o fim do segredo para casos de gravidez provocada por estupro."
O caso da jovem de 25 anos estuprada no final de dezembro só chegou à secretaria após a comprovação de sua gravidez. "Se não houvesse a gravidez, o estupro não seria notificado", afirmou.
Em 1997, o centro registrou três denúncias de tentativa de estupro, dois de sedução (quando houve o convencimento da vítima), três casos de atentado violento ao pudor contra mulheres e dois casos de assédio sexual.
Nos cinco anos de existência da Secretaria Especial da Mulher em Londrina, apenas três casos de pedido de autorização para interrupção da gravidez foram julgados no município.



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