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EDUCAÇÃO
Calouros de Geologia da USP foram induzidos pelos veteranos a beber aguardente no primeiro dia de aula
Trote leva 5 alunos alcoolizados ao hospital
Ormuzd Alves/Folha Imagem
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Calouros de geologia da USP tentam levantar colega que foi induzido por veteranos a tomar aguardente no primeiro dia de aula
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LUCIA RODRIGUES GONÇALVES
free-lance para a Folha
Cinco calouros do Instituto de
Geociências da USP (Universidade
de São Paulo) foram hospitalizados ontem no HU (Hospital Universitário) após terem sido submetidos a trote pelos veteranos.
Os estudantes foram induzidos a
tomar aguardente no primeiro dia
de aula da faculdade. Segundo o
superintendente do HU, Erasmo
Magalhães Castro de Tolosa, eles
estavam com intoxicação alcoólica aguda e depressão profunda.
Pelo menos dois chegaram ao
hospital inconscientes por volta
das 12h. Um dos estudantes, P. H.
P., tem 17 anos.
Eles tomaram soro glicosado e o
álcool foi rapidamente metabolizado, afirmou o médico Tolosa.
Às 18h, todos já haviam recebido
alta. O médico disse que já se acostumou a receber estudantes alcoolizados todo o início de ano devido
aos trotes.
A Folha presenciou o trote logo
pela manhã. Por volta das 9h, um
grupo de estudantes veteranos
invadiu a sala de aula no térreo,
onde os calouros assistiam a uma
aula trote, tocando bumbos e gritando. Os veteranos carregavam
garrafões e garrafas com pinga e
induziam os calouros a beber.
Quando eles se recusavam a beber, os veteranos pressionavam
gritando bem alto: "Bebe, bebe,
bebe." Apenas um calouro conseguiu convencê-los de que não
poderia beber porque a bebida
lhe fazia mal.
Um dos estudantes, que disse se
chamar Osni Hoffman, 18, já estava completamente bêbado por
volta das 10h30. Não conseguia
nem sequer andar e foi carregado
ao hospital pelos próprios veteranos. "Estou me sentindo mal
demais. Dói tudo", afirmava.
Um calouro, Conrado Picolo,
19, tentou escapar, mas foi resgatado pelo veterano que o trouxe
novamente para a sala de aula.
"Já estou de saco cheio de trote.
Já levei trote em casa e no dia da
matrícula." Para sair da sala, os
estudantes tiveram que dançar
sobre uma mesa e repetir várias
vezes que eram "burros".
Só então foram conduzidos à
sala de convivência do Centro
Acadêmico, onde receberam o
chamado batismo (nome dado ao
ritual no qual o calouro recebe
um apelido).
Os calouros tiveram que vestir
sacos de estopa e se ajoelhar na
frente dos veteranos para receber
o novo nome.
O presidente do centro acadêmico, Rafael Hernandes, 24, disse
que o trote não é violento. "Sofri
isso na minha época e foi maravilhoso. Foi aí que conheci todo
mundo. É legal quando você se
integra."
Segundo ele, o calouro "se sente um Deus" após ter passado no
vestibular da USP. "O trote é importante para mostrar que ele é
igual a todo mundo", disse.
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