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CRISE NO RIO
Governador Anthony Garotinho também determinou operação para apurar denúncias contra policiais
Corregedor da Polícia Civil é demitido
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
O governador Anthony Garotinho tentou ontem abafar mais
uma crise na cúpula da Segurança
Pública do Rio demitindo o corregedor da Polícia Civil, Waldyr
Arruda, e determinando uma
"operação mãos limpas" para investigar denúncias de crimes cometidos por policiais.
Foi uma resposta formal do governo às declarações de anteontem do coordenador de Segurança do Estado, Luiz Eduardo Soares, afirmando que "a banda podre está no andar de cima da polícia, mata, extorque, sequestra e
faz tráfico de drogas".
Um dossiê com 20 denúncias
encaminhadas por Soares foi entregue pelo governador ao procurador-geral de Justiça, José Muiños Piñeiro Filho. Entre elas, casos de homicídio, sequestro, extorsão e tráfico de drogas interestadual e internacional. Soares disse que tem mais 1.500 denúncias.
"Tem um grupo de policiais
que não age dentro da lei, que
pratica extorsão, corrupção, tráfico. Entre saber e investigar, ter
provas, há uma diferença grande.
Por isso estou pedindo essa investigação", afirmou Garotinho.
O dia começou com uma reunião de emergência convocada
por Garotinho com Soares e o secretário Josias Quintal, inimigos
no governo.
A reunião foi marcada pelo
constrangimento, especialmente
de Soares. O governador deixou
claro que recriminou o fato de ele
ter levado ao Ministério Público,
antes do Carnaval, a denúncia de
libertação de dois supostos traficantes que teriam pago propina a
policiais da DRE (Delegacia de
Repressão a Entorpecentes).
"Ele deveria ter procurado o governador e o Josias, que são os
seus chefes", afirmou. Analistas
palacianos avaliam que Soares
não caiu ontem porque o governador não queria passar para a
opinião pública que demitiu o autor das denúncias de corrupção.
Garotinho disse também que,
caso as denúncias se confirmem,
os policiais acusados serão exonerados e que Soares poderá ser
afastado caso fique provado que
tudo era infundado.
"Por que não (afastar Soares)?
Aqui nesse governo, pode ser
afastado qualquer um. Eu, só a
Assembléia ou a Justiça podem
me afastar", afirmou.
Garotinho afirmou que demitiu
o corregedor da Polícia Civil porque Soares afirmou que ele não
podia investigar denúncias, já
que era do grupo investigado.
Soares também havia afirmado
que o chefe de Polícia Civil, Rafik
Louzada, e o coordenador das delegacias especializadas, Marcos
Reimão (que liberou um helicóptero para buscar os traficantes),
eram do mesmo grupo, infiltrado
em cargos de chefia na polícia.
Questionado se haveria punição para Louzada e Reimão, Garotinho disse que não, pois Soares
não falara dos dois. "Isso ele não
disse aqui", afirmou o governador, surpreso. Soares confirmou
então, em plena coletiva, a referência aos dois.
Garotinho, demonstrando contrariedade, disse então que só o
corregedor caiu porque havia
"uma denúncia" contra ele -que
ele não revelou- e disse que
Louzada e Reimão poderiam ser
afastados até o final do dia.
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