São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2000


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CRISE NO RIO
Governador Anthony Garotinho também determinou operação para apurar denúncias contra policiais
Corregedor da Polícia Civil é demitido

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

O governador Anthony Garotinho tentou ontem abafar mais uma crise na cúpula da Segurança Pública do Rio demitindo o corregedor da Polícia Civil, Waldyr Arruda, e determinando uma "operação mãos limpas" para investigar denúncias de crimes cometidos por policiais.
Foi uma resposta formal do governo às declarações de anteontem do coordenador de Segurança do Estado, Luiz Eduardo Soares, afirmando que "a banda podre está no andar de cima da polícia, mata, extorque, sequestra e faz tráfico de drogas".
Um dossiê com 20 denúncias encaminhadas por Soares foi entregue pelo governador ao procurador-geral de Justiça, José Muiños Piñeiro Filho. Entre elas, casos de homicídio, sequestro, extorsão e tráfico de drogas interestadual e internacional. Soares disse que tem mais 1.500 denúncias.
"Tem um grupo de policiais que não age dentro da lei, que pratica extorsão, corrupção, tráfico. Entre saber e investigar, ter provas, há uma diferença grande. Por isso estou pedindo essa investigação", afirmou Garotinho.
O dia começou com uma reunião de emergência convocada por Garotinho com Soares e o secretário Josias Quintal, inimigos no governo.
A reunião foi marcada pelo constrangimento, especialmente de Soares. O governador deixou claro que recriminou o fato de ele ter levado ao Ministério Público, antes do Carnaval, a denúncia de libertação de dois supostos traficantes que teriam pago propina a policiais da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes).
"Ele deveria ter procurado o governador e o Josias, que são os seus chefes", afirmou. Analistas palacianos avaliam que Soares não caiu ontem porque o governador não queria passar para a opinião pública que demitiu o autor das denúncias de corrupção.
Garotinho disse também que, caso as denúncias se confirmem, os policiais acusados serão exonerados e que Soares poderá ser afastado caso fique provado que tudo era infundado.
"Por que não (afastar Soares)? Aqui nesse governo, pode ser afastado qualquer um. Eu, só a Assembléia ou a Justiça podem me afastar", afirmou.
Garotinho afirmou que demitiu o corregedor da Polícia Civil porque Soares afirmou que ele não podia investigar denúncias, já que era do grupo investigado.
Soares também havia afirmado que o chefe de Polícia Civil, Rafik Louzada, e o coordenador das delegacias especializadas, Marcos Reimão (que liberou um helicóptero para buscar os traficantes), eram do mesmo grupo, infiltrado em cargos de chefia na polícia.
Questionado se haveria punição para Louzada e Reimão, Garotinho disse que não, pois Soares não falara dos dois. "Isso ele não disse aqui", afirmou o governador, surpreso. Soares confirmou então, em plena coletiva, a referência aos dois.
Garotinho, demonstrando contrariedade, disse então que só o corregedor caiu porque havia "uma denúncia" contra ele -que ele não revelou- e disse que Louzada e Reimão poderiam ser afastados até o final do dia.



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