São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2000


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Investigação da máfia começou em 98

CHICO DE GOIS
da Reportagem Local

A máfia da propina, como ficou conhecido o escândalo que desvendou um esquema de corrupção envolvendo fiscais, administradores regionais e vereadores em São Paulo, teve início em 2 de dezembro de 98, quando o fiscal Marco Antonio Zeppini, da regional de Pinheiros, foi flagrado tentando extorquir a empresária Soraia Patrícia da Silva em R$ 30 mil.
Na ocasião, os promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão contra o Crime Organizado) e policiais apreenderam agendas, dinheiro e cheques em poder de Zeppini e, a partir daí, começaram a fazer um organograma da quadrilha.
O resultado prático de toda a investigação, mais de um ano depois do flagrante, é a cassação dos vereadores Vicente Viscome (que está preso há quase um ano) e Maeli Vergniano e do deputado estadual Hanna Garib.
O vereador José Izar (PST) enfrentou uma comissão processante, mas não perdeu o mandato. Ele foi denunciado à Justiça por formação de quadrilha, concussão e peculato. Atualmente, uma comissão da Câmara analisa a cassação da vereadora Maria Helena Fontes (PL).
Garib, embora deputado, perdeu o mandato porque foi apontado por camelôs como destinatário de um esquema de cobrança de propinas na regional da Sé. Três ambulantes foram incisivos ao afirmar que Garib recebia dinheiro de propina.
Afonso José da Silva, líder dos ambulantes do Brás, disse que o deputado se beneficiava da corrupção. O segurança Luiz Antonio da Silva, o Lula, afirmou que entregou dinheiro a Garib no banheiro de seu gabinete. E Gilberto Monteiro da Silva, que comandava o comércio no viaduto Santa Ifigênia, também disse que destinava R$ 15 mil para a fiscalização da regional da Sé.
Nenhum dos políticos que perderam o cargo foi julgado ainda. Todos negam qualquer participação em esquemas irregulares. Vários processos tramitam lentamente pela polícia. Na Câmara Municipal, onde denúncias não param de acontecer, o que se teme é que o fantasma da não-cassação de Izar venha assombrar no dia da eleição.


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