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SAÚDE
Ministro afirma que conceito de déficit público adotado pelo órgão é diferente para os "trouxas" do sul
Critério do FMI prejudica saúde, diz Serra
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
O Brasil não conseguirá cumprir a meta de reduzir pela metade o número de mortes anuais de
crianças com menos de 5 anos até
2002, compromisso assumido
ontem com a Opas (Organização
Pan-Americana da Saúde), se não
investir mais em saneamento.
O próprio ministro da Saúde,
José Serra, disse ontem que o país
tem problemas para investir na
área e afirmou que a dificuldade é
o conceito de déficit público que o
FMI adota.
"Na Europa, o endividamento
das empresas públicas não entra
no cálculo do déficit. Parece que
há duas teorias econômicas ortodoxas: a do Norte e a dos trouxas
do Hemisfério Sul. Isso realmente
não tem cabimento", afirmou.
Serra defendeu mudança no
conceito de déficit público para
permitir que empresas de saneamento contraiam empréstimos e
aumentem os investimentos.
"O que falta é mudar o critério
de déficit público. Se o FMI estiver
tão preocupado com a pobreza,
nada como promover e ajudar essa mudança para que essas empresas de saneamento possam tomar dinheiro emprestado para
poder investir, inclusive do Fundo de Garantia, que foi criado para isso e está paralisado."
Serra participou ontem do lançamento da campanha "Crianças
Saudáveis - 2002", da Opas, que
tem como meta reduzir pela metade, nos próximos dois anos, o
número de crianças que morrem
em decorrências de doenças
transmissíveis - no caso do Brasil, será preciso reduzir em 24 mil
o número de mortes anuais.
O diretor da Opas, George
Alleyne, esteve em Brasília para
participar do lançamento.
Segundo Serra, para que a meta
seja cumprida não bastam esforços da área de saúde. "Há 3 milhões de lares no Brasil que não
têm nem banheiro. O país deveria
investir mais nessa área, mas fica
amarrado pela obrigação de não
aumentar o déficit público."
Pelo menos 60% das consultas
pediátricas e 40% das internações
de menores de 5 anos nas Américas são fruto de doenças transmissíveis -como infecções respiratórias agudas, sarampo, malária, tuberculose, dengue e meningite-, que poderiam ser evitadas com vacinação e campanhas educativas.
Entre 1995 e 2000, cerca de 188,8
mil menores de 5 anos morreram
nos 26 maiores países das Américas a cada ano em decorrência de
doenças transmissíveis.
Segundo a pesquisa da Opas,
mais de 50% das crianças que
procuram a rede hospitalar nos
26 países são tratadas com antibióticos sem de fato necessitar do
remédio. O abuso pode causar resistência bacteriana e desperdiça
recursos públicos destinados à
saúde.
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