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Casos foram verificados em hemocentros privados; risco de contágio por transfusão é 30 vezes superior ao verificado nos EUA
Novo teste já detectou 2 contaminações
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois casos de contaminação de
sangue doado pelo vírus da Aids
já foram detectados no Brasil, por
meio da tecnologia NAT, antes
das transfusões. Isso na pequena
experiência de hemocentros privados que implantaram o teste
após a ordem do Ministério da
Saúde, de 2002.
Segundo Dante Langhi Júnior,
presidente da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, o universo de testes dos serviços ainda é muito pequeno -cerca de 60 mil exames desde o início
de 2003. "Não reflete a realidade."
De acordo com Langhi Júnior,
"do ponto de vista técnico", países que implantaram o teste tiveram ganho de segurança. "Mas do
ponto de vista político é difícil responder sobre o custo-benefício."
Segundo Luiz Amorim Filho,
secretário-geral da entidade, estudos a partir do perfil epidemiológico da população mostram que o
risco de contaminação na transfusão é 30 vezes maior no Brasil
do que nos EUA, por exemplo,
que já implantaram o teste.
Amorim Filho destaca que, no
entanto, não existe sangue "100%
seguro". Mesmo o NAT tem uma
"janela imunológica" -tempo
em que o vírus é indetectável.
Caso detectado
Um dos casos de contaminação
detectados pelo NAT foi registrado por um dos sete serviços particulares que compõem o Instituto
de Estudo e Pesquisa do Sangue,
do Hospital Santa Catarina, de
São Paulo. O trabalho, tido como
o primeiro do país, foi apresentado em agosto do ano passado no
congresso da sociedade. Passou
despercebido, o que possivelmente não aconteceria se a bolsa de
sangue fosse para frente e contaminasse alguém.
Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),
não há dados sobre contaminações pelo vírus da hepatite C por
meio de transfusões.
Já o programa de Aids registra
2.667 casos de 1980 a 2002 -com
aperfeiçoamento do rastreamento dos casos e do sistema de sangue, caem abruptamente a partir
de 98. Em 2001, foram dez. Em
2002, três. Até esse ano, havia
257.780 casos de Aids acumulados no país.
A Hemovigilância da Anvisa
ainda está em construção. Pesquisa recente da agência mostrou dificuldades para se concluir e informar casos.
Hélio Aparecido de Fazzio, advogado da família de uma menina
de 11 anos contaminada pelo vírus
da Aids durante transfusão em
2001 (antes da portaria do NAT,
portanto), desistiu de basear a
ação na contaminação.
Não foi possível saber, por
exemplo, em que período da janela imunológica estava o doador.
Ele questiona, no entanto, a letargia da instituição de Ribeirão
Preto (SP) para avisar a família
depois de detectada a contaminação da bolsa de sangue.
A garota, que antes de ser contaminada pelo HIV já sofria de uma
série de problemas de saúde,
morreu em 2002. A mãe, que veio
do Maranhão em busca de um
atendimento de saúde melhor, vive só.
(FL)
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