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BATALHA JURÍDICA
Secretário propõe acordo para suspender processos que pedem a descentralização da fundação
Governo tenta barrar ações contra Febem
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Edsom Ortega, propôs ontem a realização
de um acordo, homologado na
Justiça, para suspender ações coletivas e inquéritos do Ministério
Público que pedem a descentralização da Febem (Fundação do
Bem-Estar do Menor).
O acordo é chamado de termo
de ajustamento de conduta. O documento irá fixar ações da Febem,
prazos de realização e punições
(multas) em caso de não cumprimento das promessas.
Segundo Eduardo Dias, assessor do Centro de Apoio às Promotorias de Infância e Juventude
no Estado, 22 inquéritos civis (investigações iniciais) e oito ações
coletivas pedem a descentralização da Febem em pequenas unidades no interior.
Se o documento for assinado, as
ações e inquéritos podem ser suspensos ou extintos. Em troca, a
Febem se compromete judicialmente a cumprir um cronograma
de descentralização.
O acordo é um pedido de trégua
de Ortega, que admite estar demorando para implantar o projeto de descentralização prometido
no ano passado.
"Desde novembro, quando foi
anunciado o programa Novo
Olhar, nada foi feito no caminho
da descentralização", afirmou o
promotor da Infância e Juventude
Wilson Tafner.
O secretário fez a proposta ontem, durante reunião com entidades de defesa do menor na Fundação Abrinq. Mas Ortega não deu
detalhes sobre a proposta de
ações da Febem e prazos de realização.
"Se a Febem cumprir os prazo
desta vez, o acordo até pode ser
benéfico", disse Tafner.
Mas Eduardo Dias informou
que o Ministério Público vai ter de
concordar com a proposta do governo para que o acordo seja assinado. "Até agora, nada foi apresentado oficialmente", disse Dias.
Bate-boca
Ortega criticou ontem, durante
o encontro na Fundação Abrinq,
a divulgação pelo Ministério Público de imagens com menores
espancados na Febem de Franco
da Rocha.
"Dá impressão de que o promotor sente prazer em mostrar essas
imagens", disse o secretário, durante bate-boca com o promotor
Tafner.
No começo do mês, os promotores da Infância e Juventude visitaram a unidade da Febem de
Franco da Rocha, quando fotografam e filmaram menores com
marcas de agressões.
Tafner afirmou que o Ministério Público mostrou apenas "o lado de dentro da Febem, a violação
dos direitos e os espancamentos,
que viraram rotina nas unidades".
Hora extra
Ortega também afirmou ontem
que existia uma "indústria de horas extras" nas unidades da Febem que contribui para aumentar
o custo mensal de cada menor:
cerca de R$ 1.800.
"Flagramos funcionário com
carga mensal de 240 horas que tinha até 500 só de hora extra. Isso é
um absurdo", disse o secretário.
Ortega afirmou que vários funcionários foram demitidos por isso,
mas não informou o número.
A falta de controle financeiro
por parte de gestores das unidades também contribuiu para aumentar o custo.
"Queremos diminuir esse gasto
para usar esse dinheiro para atividades pedagógicas", disse o secretário. Ele não informou a redução
do custo com as novas medidas.
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