São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2001

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Administradora vira "chefe" do centro

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A administradora regional da Sé, Clara Ant, viu sua estrela brilhar, ontem, no anúncio do plano Reconstruir o Centro, que pretende transformar os problemas da região numa vitrine para o horário eleitoral de 2002.
Hierarquicamente abaixo dos secretários Jorge Wilheim (Planejamento), Paulo Teixeira (Habitação) e Arlindo Chinaglia (Implantação das Subprefeituras), Clara lhes foi superior ontem.
Sentados, eles fizeram uma breve intervenção de até cinco minutos. Ela detalhou por quase uma hora seu plano para o centro.
Veio depois o reconhecimento: Marta Suplicy deu um forte abraço na administradora. "Confesso que eu, como uma pessoa perfeccionista e muito crítica, tentei encontrar defeito nesse programa apresentado de forma magnífica pela Clara, mas foi impossível."
Essa deferência a Clara Ant tem duas razões. Marta confia plenamente nela: ao anunciá-la como administradora, lhe deu 120 dias para ela, arquiteta, apresentar um plano para o centro, considerado a vitrine da prefeitura (vidraça, se o plano fracassar). Ela cumpriu a missão (com pequeno atraso) e exibiu um programa que, para a prefeita, "não tem defeito".
Além disso, a ex-deputada estadual Clara é uma extensão do presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi tesoureira na campanha de 98.
Após o evento, Clara Ant concedeu entrevista à Folha, por telefone, onde disse que será a nova presidente do Procentro, programa de revitalização ligado à Secretaria da Habitação, onde um conselho dá aval a projetos, públicos ou privados, para a região.

Folha - Parece que não ficou claro aos ambulantes se todos terão de sair da área piloto. O que a sra. diz?
Clara Ant -
Fui bem clara. Os centros novo e velho não terão comércio informal. Não iremos retirá-los porque pessoas não podem ser removidas; todos sairão gradativamente para áreas permitidas e a partir do momento em que encontremos alternativas a eles.

Folha - O programa retoma iniciativas do Procentro. Como caminharão os dois programas?
Clara -
Como o encaminhamento técnico e jurídico da prefeitura tarda, não pudemos antecipar a notícia de que serei a nova presidente do Procentro. Isso servirá para indicar à sociedade a unidade de ações que planejamos, e para ensaiar a criação da Subprefeitura Sé. Quando tiver subprefeitura, não vai ser preciso o Procentro. Ele foi criado logo no início da gestão Maluf, que fez pequenas intervenções no local, porque era confortável àquele governo que a questão fosse tratada assim.

Folha - Mas o Reconstruir o Centro usa idéias do Procentro, como a recuperação de fachadas...
Clara -
Isso é a Lei das Fachadas. As obras do Procentro, como recuperação do viaduto do Chá, mesmo as grandes, não cuidavam do todo; criavam pequenos cartões-postais, mas no trajeto de um a outro a degradação permanecia a mesma. Isso ocorre quando você não vê o urbano como um todo. Qualquer projeto poderá ser desenvolvido, desde que esteja dentro das regras do programa.

Folha - Na prática, o que muda?
Clara -
Mostra unidade, conjunto. Fizemos quatro seminários para elaborar o programa, reunindo todos os técnicos da prefeitura. Vira uma torre de babel quando juntamos todo mundo, e o Procentro era isso, uma babel.


Colaborou SÉRGIO DURAN, da Reportagem Local


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