São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

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BARBARA GANCIA

Schumacacada tem limite!

Chego na lanterninha para falar do fiasco promovido pela escuderia Ferrari no Grande Prêmio da Áustria de domingo passado. O assunto já está me saindo pelas orelhas, mas foram tantos os e-mails exigindo que eu me manifestasse que é melhor meter bronca logo, antes que algum aventureiro me acuse de omissão.
O Rubinho fez bem ou fez mal, o Schumacher deveria ou não ter ultrapassado, sobre esses temas periféricos há controvérsias e elas vão perdurar.
Mas, sobre o cerne da questão, ninguém tem dúvidas: a Ferrari errou feio ao determinar que o piloto brasileiro desse passagem ao companheiro.
Digo mais: a decisão de Jean Todt e companhia periga entrar para a história como a mais eloquente trapalhada de relações públicas já vista desde que os judeus abriram mão do maior garoto-propaganda de todos os tempos, o nazareno Jesus.
E o que esse Schumacher é rápido no gatilho? Cruzou a linha de chegada e foi logo acenando para o público. Mas, antes que alguém pudesse suspirar "Maranello", percebeu o clima e tratou de inverter a situação.
Se eu acho que o Barrichello errou? Muito ao contrário. Rubens não foi conivente. Ele foi a vítima que soube dar a volta por cima, deixando a rainha Ferrari nua.
Na situação do brazuca, queria ver quantos de nós, reles assalariados, teríamos tido a coragem de peitar ordens vindas de cima. Ordens, diga-se, de gente do naipe de Ross Brawn, que teve a petulância de afirmar depois da prova que, na verdade, "não houve uma corrida". Ah, é? Queria ver ele dizer isso na cara do piloto da Jordan, Takuma Sato, que por pouco não morreu na tal corrida que não existiu.
Mas que tipo de ética se pode esperar de um Jean Todt, que já jogou moedinha no Paris-Dacar para decidir qual de seus dois carros iria cruzar a linha de chegada em primeiro? Que tipo de conduta moral podemos exigir de um Schumacher conhecido por burlar o fisco e comprar briga com ecologistas?
Muita gente boa comentou o episódio, mas quem disse tudo foi o José Nêumanne, em editorial do "Jornal da Tarde". Veja só: "Ali o gênero humano se deparou com mais um sinal da decadência moral irresistível, da chegada ao ponto fulcral, do qual é preciso retroceder, com urgência, sob pena de se perder de vez um mínimo referencial ético que possa subsistir na guerra suja pela sobrevivência e pelo sucesso". Matou a pau, Zé!

QUALQUER NOTA

Homenagem
Bom humor é o que não falta. Na quarta, durante manifestação de professores na av. Paulista, um coro entusiasmado cantava sem parar aquela música de Luiz Gonzaga, que diz: "Ela só quer, só pensa em namorar".

Bingo!
Foram nove os deputados que votaram contra o projeto de lei que acaba com a imunidade parlamentar em relação aos crimes comuns, aprovado no Congresso por 412 votos. O único paulistano na lista dos contrários é De Velasco, do PSL. E adivinha se o Eurico Miranda também não está entre os nove?

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