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PLANO DIRETOR
Se terrenos não ficarem mais baratos, taxa proposta pela prefeitura deve encarecer imóveis, diz diretor do Secovi
Preço de apartamento poderá subir 40%
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Das duas, uma: ou o preço dos
apartamentos sobe em média
40% em São Paulo ou o tamanho
deles diminui no mínimo 20%. É
o que prevê o mercado imobiliário caso as mudanças propostas
no Plano Diretor sejam aprovadas
na Câmara Municipal. A prefeitura espera aprová-las até julho.
A conta foi feita por Ricardo Pereira Leite, diretor do Secovi (sindicato das imobiliárias e construtoras) e executivo da Tecnisa,
uma das maiores construtoras da
capital. Para ele, o preço dos imóveis poderá subir de 20% a 60%.
A Folha refez as contas com um
dos exemplos de Leite e chegou a
um aumento de 33%. Por causa
de inúmeras variáveis, o resultado
será diferente a cada empreendimento submetido aos cálculos.
As projeções de aumento supõem que o preço dos terrenos na
cidade não cairá após o Plano Diretor ser aprovado -a queda é
esperada pela prefeitura. "Acho
impossível isso ocorrer. Há escassez de áreas", considera Leite.
As mudanças propostas no Plano Diretor que influem no preço
final dos apartamentos são as da
seção 5, que trata do coeficiente
de aproveitamento, ou CA. O CA
é um índice estipulado por legislação municipal que dita qual o tamanho máximo que as construções podem ter na cidade.
O "aproveitamento", no caso,
diz respeito ao tamanho do terreno. Um CA 4 permite edificações
com área construída de até quatro
vezes a metragem do lote. Um terreno de 1.000 m2 com CA 4, por
exemplo, pode abrigar uma construção de até 4.000 m2 -por
exemplo, um prédio de 20 andares com quatro apartamentos de
50 m2 por andar.
Hoje, as construtoras trabalham
em uma cidade cujos terrenos
têm CA variáveis. Cada uma das
19 zonas de São Paulo, segundo a
legislação municipal, tem o seu
coeficiente. A Z-2 tem CA 2. As Z-3 e Z-4 têm CA 4.
Porém o Plano Diretor propõe
revogar essa legislação e estipula o
CA 1 para toda a cidade. Para
construir mais, as empresas terão
de pagar taxa de outorga onerosa
à prefeitura. Antes de enviar o
plano à Câmara, a prefeitura introduziu um bônus, que permite
subir o CA para, no máximo, 1,3.
Segundo técnicos da Secretaria
do Planejamento, a taxa de outorga onerosa será parecida com a
cobrada atualmente nas operações urbanas. No caso, equivale a
70% do valor do terreno. Se o lote
custar R$ 1.500 o m2, a taxa custará R$ 1.050 por metro quadrado
construído acima do limite estabelecido.
Impacto
"É evidente que o preço do
apartamento não subirá 60%.
Ninguém vai comprá-lo", afirma
Roberto Capuano, do Creci (Conselho Regional dos Corretores de
Imóveis). "Mas, se a prefeitura bater o pé no mesmo CA para toda a
cidade, irá subir, sim", diz.
Para Capuano, o impacto do aumento dependerá da faixa atingida. "Se o valor do dúplex na Vila Nova Conceição [zona sul] subir
de R$ 1 milhão para R$ 1,3 milhão,
não mudou nada. Mas, se preço
do dois-dormitórios na Penha
[leste] subir, será uma catástrofe."
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