São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

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Ministro oferece ajuda das Forças Armadas e da PF

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois dias depois do atentado contra a Secretaria de Direitos Humanos do Rio de Janeiro, o ministro Miguel Reale Júnior (Justiça) colocou à disposição do Estado uma força-tarefa -formada por Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal e Forças Armadas- para combater o crime organizado.
Para Reale, a criminalidade no Rio exige uma colaboração federal. "Esforços isolados de uma polícia são pequenos perto da grandiosidade do crime organizado."
Em junho, o ministério pretende instalar outra força-tarefa contra o crime organizado e o roubo de cargas em São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, com possível participação das Forças Armadas.
O ministro disse que a força-tarefa estava sendo planejada antes do atentado e que sua proposta, no caso específico, era de uma colaboração do setor de inteligência da PF responsável por explosivos.
A participação das Forças Armadas no Rio estaria ligada à análise de dados e ao apoio logístico, além do fato de uma granada de uso exclusivo militar ter sido usada no atentado. "É preciso comunicação sobre o furto de equipamentos bélicos das Forças Armadas. Esses furtos estão ligados ao crime organizado", disse Reale.
O ministro disse que não há ingerência nos assuntos do Estado ao oferecer ajuda de uma força-tarefa. "Não estamos apurando. Não houve instauração de inquérito pela Polícia Federal."
Reale afirmou que não há indícios de ligações entre facções criminosas do Rio e de São Paulo, mas essa possibilidade também justificaria a participação da PF.
O superintendente da PF no Rio, Marcelo Itagiba, também propôs ontem a criação no Rio de uma força-tarefa de combate ao crime organizado, mas de caráter permanente, envolvendo as polícias Civil, Militar e Federal e as Forças Armadas.
Itagiba pediu audiência com a governadora Benedita da Silva (PT) para tratar da ação conjunta e conversou anteontem à noite com o chefe de Polícia Civil, Zaqueu Teixeira. "As polícias e as Forças Armadas às vezes se unem em determinado momento, mas, depois de finalizada a operação, isso acaba. Nossa proposta é que essa união no combate ao crime organizado seja permanente."
Segundo ele, as Forças Armadas poderão investigar o tráfico de armas de uso exclusivo militar.
Itagiba comparou ontem a situação da população no Rio à do Oriente Médio. "Acho que nem no Oriente Médio você encontra enfrentamento tão forte como o que existe hoje no Rio, com grupos atirando pesado uns contra os outros, enquanto a população civil fica no meio do fogo cruzado."
Para ele, o Estado deve se fazer mais presente. "Ninguém aguenta mais essa situação de violência. O principal refém da situação é a população ordeira, humilde e trabalhadora, que está subjugada por quadrilhas de marginais."


Colaborou a Sucursal do Rio

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