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PENEIRA JURÍDICA
Só 12,2% foram aprovados na 1ª fase do exame; para presidente da ordem, é reflexo da "proliferação de faculdades"
OAB paulista bate o recorde de reprovação
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Bateu recorde o número de bacharéis em direito reprovados na
primeira fase do exame da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo. Dos 20.268 inscritos que fizeram a prova no início deste mês, apenas 2.475
(12,2%) foram aprovados para a
segunda e última fase.
Foram reprovados 87,8% dos
inscritos. É o pior desempenho,
nessa fase do exame, da história
da OAB-SP, que faz provas (3 por
ano) desde março de 1971.
O teste, o 126º da ordem, foi realizado em 1º de maio. Os mesmos
professores que elaboraram o
exame anterior coordenaram este
último. Mas os resultados ficaram
fora da média histórica.
Na prova anterior, de janeiro
deste ano, foram aprovados na
primeira fase mais de um terço
dos 27.724 inscritos inicialmente.
O resultado final apontou uma taxa de 20% de aprovação.
A taxa de resultados positivos
(contabilizando as duas fases do
exame) vem caindo ano a ano.
Em abril de 2001, 45,8% dos inscritos foram aprovados. No ano
seguinte, foram 20,96%. Em abril
de 2003, houve melhora -a taxa
foi de 26%. Já em abril do ano passado a queda foi grande. Só 2.878
dos 21.774 inscritos passaram na
prova da OAB -um índice de
13,21% de aprovados.
O bacharel em direito só é considerado advogado após ser aprovado no exame da ordem. O candidato pode fazer a prova quantas
vezes quiser. A taxa é de R$ 130.
"O desempenho sofrível mostra
como são deficientes e frágeis a
maioria dos nossos centros de ensino jurídico. Os resultados indicam a necessidade urgentíssima
de reforma do ensino e do currículo", diz o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso.
A primeira fase da prova da ordem é composta por cem questões de múltipla escolha. A segunda, considerada mais difícil e
agendada para o próximo domingo (dia 22), tem quatro perguntas
teóricas e um pedido para que o
advogado redija uma peça jurídica e aponte seus fundamentos.
Para D'Urso, parte da culpa pela
falta de preparo dos advogados
recém-formados é a proliferação
de faculdades "sem quaisquer
condições de funcionamento".
Ministério
A Secretaria Nacional de Educação vai entregar nos próximos
dias ao ministro da Educação,
Tarso Genro, o relatório de uma
avaliação sobre a qualidade dos
cursos de direito no país.
Mário Pederneiras, diretor do
departamento de educação superior do MEC, diz que os resultados da prova da OAB devem ser
analisados com cuidado. "Não é
possível fazer uma correlação direta entre a aprovação no exame e
a qualidade de ensino. Há outros
fatores que influem nos resultados obtidos", afirma.
Os alunos que prestaram a prova neste mês dizem, por exemplo,
que havia muitas "pegadinhas"
no teste.
Para Pederneiras, é preciso analisar também as notas obtidas por
alunos que cursaram faculdades
reconhecidamente boas. "Se o desempenho deles também foi
ruim, é preciso fazer uma análise
mais profunda sobre os resultados e ver se eles são comparáveis
com os de anos anteriores."
Pederneiras diz que nos últimos
dois anos o ministério reduziu o
número de autorizações de funcionamento de cursos de direito,
numa tentativa de melhorar a
qualidade de ensino. "É uma mudança na política educacional",
diz. O Brasil tem hoje cerca de 800
cursos de direito.
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