São Paulo, sábado, 17 de maio de 1997.



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SEGURANÇA
A exemplo da PM, policiais civis envolvidos em ocorrências com morte passarão por uma espécie de terapia
Polícia civil também passará por psicólogo

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

Policiais civis que se envolverem em ocorrências com morte ou de alto risco passarão a ter acompanhamento psicológico, a exemplo do que vem acontecendo com PMs há quase dois anos.
Em setembro de 1995, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo instituiu o Proar (Programa de Acompanhamento de Policiais Envolvidos em Ocorrências de Alto Risco) exclusivamente para a Polícia Militar.
Pelo programa, PMs envolvidos em ocorrência com morte ficam afastados por seis meses. Segundo a secretaria, o objetivo da medida não é a punição, mas garantir estabilidade emocional para o policial.
Na última quarta-feira, a Delegacia Geral de Polícia de São Paulo publicou no "Diário Oficial do Estado" a portaria número 9, dispondo sobre "medidas de apoio psicológico aos policiais civis".
O delegado-geral, Luiz Paulo Braga Braun, disse ontem, por meio de sua assessoria, que o plano de apoio psicológico de policiais civis está sendo desenvolvido pela Acadepol (Academia da Polícia Civil) e que o programa não receberá o nome de Proar -o outro nome ainda não foi definido.
"Os policiais envolvidos em ocorrência com morte não deverão ser afastados de suas funções, como ocorre com o programa da PM. Provavelmente, o policial civil terá o acompanhamento psicológico, uma espécie de terapia, fora do horário de seu expediente. O remanejamento de função do policial pode ser sugerido pelos psicólogos", disse o diretor da Academia de Polícia, delegado Tabajara Novazzi Pinto.
No entanto, a decisão final sobre a mudança de função do policial assistido psicologicamente ficará a critério do delegado-geral, como informa o parágrafo 3º do artigo 3º da portaria.
Segundo Pinto, o programa da Polícia Civil deverá ser implantando nos próximos 15 dias.
'Deus-dará'
"Todo organismo policial deve ter acompanhamento psicológico. Não podemos largar os recursos humanos, no nosso caso, policiais, ao deus-dará", disse o delegado.
"Mais do que equipamentos policiais, precisamos prestigiar os homens que executam o trabalho policial, que é estressante", completou o diretor da Acadepol.
De acordo com o parágrafo 2º da portaria, o encaminhamento do policial civil que se envolveu em ocorrência de alto risco ocorrerá, "reservadamente", à Acadepol. A avaliação e decisão do encaminhamento será da Delegacia Geral.
A troca de informações sobre o "paciente" e seus superiores hierárquicos ocorrerá com "todas as garantias de absoluto sigilo", como determina o artigo 3º, parágrafo 2º, da portaria.



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