São Paulo, sábado, 17 de maio de 1997.



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PM é acusada de obrigar soldado a preencher abaixo-assinado

da Reportagem Local

O ouvidor da polícia de São Paulo, Benedito Domingos Mariano, informou ontem à tarde que recebeu na última semana dez denúncias de soldados da PM que afirmam ter sido obrigados a recolher assinaturas para um abaixo-assinado em prol da corporação.
De acordo com as denúncias, quem não recolhesse as assinaturas enquanto estivesse fazendo o policiamento de rua poderia receber punições, entre elas ficar preso administrativamente.
Segundo os soldados, a coação é feita por oficiais, entre eles coronéis comandantes de unidades. O comando da Polícia Militar informou à noite que o abaixo-assinado, que tem por objetivo recolher mais de um milhão de assinaturas de pessoas solidárias com a PM, partiu da associação de sargentos e subtenentes da PM, e não do quartel-general. Além disso, informou o comando, ninguém está sendo obrigado a assinar nada.
"É uma denúncia muito grave", afirmou Mariano, que encaminhou o caso ao comandante-geral da PM, coronel Claudionor Lisboa, e ao corregedor da corporação, coronel Ernesto Tasso Júnior. Nenhum dos dois foi localizado ontem para comentar o assunto.
O secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, está acompanhando o caso de perto. "O secretário também entendeu que as denúncias são muito graves", disse Mariano.
O ouvidor pediu ontem para os praças (soldados, cabos e sargentos) que estejam sofrendo coação entrarem em contato com ele. "Garanto que ele não será punido de forma alguma por ter feito a denúncia."
"Se tudo isso for comprovado é um abuso de autoridade que não combina com o regime democrático". Para Mariano, todos os oficiais envolvidos, inclusive os coronéis, devem ser afastados.
CRISPIM ALVES)



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