RITA NAZARETH
da Reportagem Local

Se você vive em alta velocidade, então a praça Charles Miller é para você. Se você prefere não acelerar muito, não se preocupe, seu espaço também está garantido por lá.
Ponto de encontro de aficionados por veículos há mais de dois anos, a praça que toma a frente do estádio do Pacaembu reúne as mais variadas "tribos" nas noites de terça e quinta-feira.
De todas elas, duas vêm ganhando espaço pela quantidade de agremiações e de encontros promovidos - a dos "harleiros" (proprietários de motos Harley Davidson) e a dos "raideiros" (jipeiros que participam de competições onde quem acelera perde ponto).
Enquanto os motociclistas tentam desafiar a estrada a vários quilômetros por hora, os "raideiros" se pautam pela regularidade de velocidade para vencer obstáculos nas trilhas.
"Tem "harleiro' da nossa turma que, na pressa, esqueceu a mulher no posto de gasolina", diz o estudante de publicidade Sérgio Rodrigues Ignarra Filho, 23, da agremiação "Filhos do Vento". "Ela acabou viajando com outro "harleiro'."
Nem um acidente consegue frear o aficionado por motos. Internado em um hospital durante quatro meses (um deles na UTI), depois de um acidente que sofreu em uma viagem de moto, o comerciante Abraão Bresser, 45, ainda apresenta sequelas visíveis.
"Dirijo moto há 30 anos e, embora esteja pilotando outra, não vejo a hora de restaurar a antiga."
10 km/h
Mas nem tudo é velocidade no mundo dos "estradeiros". Para os jipeiros que participam de "raids", a velocidade média é de 10 km/h e o adiantado está em desvantagem em relação ao atrasado.
"O participante de "raid' tem de conseguir chegar aos vários pontos do percurso, nos tempos determinados previamente", diz Vicente Paulo Ziccardi Júnior, presidente do Jeep Clube do Brasil, agremiação pioneira no país.
"Se ele perder tempo em um buraco, sua pontuação diminui. Mas, se estiver em um local da estrada antes do tempo determinado previamente, perde mais pontos ainda", afirma Ziccardi Júnior.
Durante a competição, há um controle interno -que é feito pelos ocupantes do veículo por meio dos cálculos de velocidade e de distância- e outro externo, de fiscalização, feito pelos postos de controle instalados na estrada.
Além do capacete e do cinto de segurança de três pontas, o jipeiro também precisa de equipamentos especiais para participar de uma competição.
O preço, no entanto, pode dar um susto nos "raideiros" de primeira viagem (leia texto nesta edição).