São Paulo, domingo, 17 de maio de 1998

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SEGURANÇA
PM detecta "traços inadequados" para lidar com crianças em policiais que iriam participar do programa
Policiamento escolar começa incompleto

CRISPIM ALVES
da Reportagem Local

O superprograma de policiamento escolar, que, conforme anunciado pelo comando da Polícia Militar de São Paulo, vai garantir a presença de pelo menos um policial em cada uma das escolas estaduais da capital, começa amanhã, mas incompleto.
Problemas detectados durante o treinamento diminuíram o número de policiais militares com o perfil adequado para lidar com crianças. Com isso, 26 escolas vão ficar fora do programa por pelo menos duas semanas.
Quando anunciou a intensificação do Programa de Segurança Escolar, no final do mês passado, o comandante-geral da PM, coronel Carlos Alberto de Camargo, havia afirmado que, a partir do dia 18 deste mês (portanto, amanhã), cada escola estadual da capital (são 967 no total) seria vigiada por pelo menos um policial.
Segundo o setor de relações públicas do comando, quatro das 967 escolas não quiseram ser incluídas no programa. Três delas não revelaram o motivo. A quarta fica localizada dentro de uma unidade da Febem, o que, em tese, dispensaria o policiamento.
Todos os PMs designados para participar do programa -a grande maioria policiais femininas- passaram por um rigoroso treinamento. Alguns policiais se inscreveram espontaneamente.
Foi durante esse treinamento que o comando da PM detectou que alguns policiais -não foi revelado o total- apresentaram "traços inadequados" para lidar com crianças. Também não foi informado que tipo de problemas esses policiais apresentaram.
"Nem todo policial se enquadra no policiamento escolar", afirmou o major Antônio Carlos Biagioni, do setor de relações públicas do comando da PM.
Segundo o major, serão necessárias mais duas semanas para treinar outros policiais. Durante esse período, as 26 escolas prejudicadas serão policiadas pela ronda escolar motorizada.
Quando todas as escolas forem beneficiadas, o Programa de Segurança Escolar vai contar com um total de 1.518 policiais. Antes, a segurança nas escolas era feita por 400 policiais femininas.
Das 963 escolas beneficiadas, 555, consideradas as mais críticas, serão policiadas em período integral por duas PMs. As outras 408 escolas terão um vigilância diferenciada, pelo menos até que haja policiais femininas em número suficiente para cobrir toda a rede.
Essas escolas serão policiadas por apenas um PM ou serão "adotadas" por grupos de cadetes da Academia do Barro Branco.
"A experiência tem nos mostrado que um dos focos da violência está nas escolas, onde as crianças estão sujeitas a dois grandes vilões: os traficantes e os receptadores. Por esse motivo, estamos priorizando de forma definitiva a questão da juventude", afirmou o coronel Camargo quando fez o anúncio do programa.
Segundo ele, os problemas envolvendo a juventude são um dos principais causadores da violência. Nas 1.389 escolas estaduais da Grande São Paulo, o policiamento só será em tempo integral nas mais críticas. Nas outras, ele será móvel. Gradativamente, o programa será ampliado para todas as escolas estaduais do Estado.
Camargo chegou a afirmar também que pretende realizar operações especiais nas imediações de escolas municipais da capital onde o problema da violência é considerado mais crítico.



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