São Paulo, domingo, 17 de maio de 1998

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Vencedor do prêmio Shell por duas vezes consecutivas e recém-premiado com o Sharp, Diogo Vilela, 40, não admite, mas talvez esteja fazendo o melhor papel de sua vida artística. Sucesso de público no Rio e em São Paulo, onde está em cartaz há mais de dois meses, o monólogo "Diário de um louco" .


O "Diário de um Louco" pode ser considerado o melhor papel de sua vida?
Não é o melhor papel, mas é o fruto do amadurecimento de uma pessoa que está a sem parar há 27 anos.
Como você começou?
Comecei com 12 anos na televisão, porque fiz um teste com a Janete Clair, depois fui para o teatro e fiz "Sem parar". Depois voltei aos 18 para a TV com Ziembinski, que foi fundamental para minha carreira. Ele me apresentou a diretores de teatro e disse que eu deveria continuar no teatro.
Sua formação se deveu a ele?
Eu acho que a minha geração foi a última que se formou no teatro realmnete. Hoje, estou com 40 anos e há 20, era muito diferente para quem queria ser ator. Digo ator, não artista. Fiz testes, fui reprovado e passei em testes. Fui melhorando de papéis. Fiz um terceiro papel até chegar aos 21 anos com protagonista com Madame Morineau -o marco da minha carreira.
Por que você diferencia o artista do ator?
O artista é uma vocação para fama e o ator é uma vocação para a arte. O ator tem uma formação baseada na própria vivência e o artista não precisa tanto da própria vivência. isso emana mais de um momento. Claro que todos são artistas, mas existe o artista deb momento, que apesar da própria personalidade, dependendo do momento em que aparece fulgura. Não vou tirar o valor dessas pessoas.
Você acha que a nova safra de atores da TV brasileira são mais artistas que atores?
Não eu acho que houve um processo na televisão de dismistifiucar um pouco o interesse real pela carreira diante de um país que tenha a televisão como um ideal.
Você acha que há espaço para uma carga dramática profunda na TV ou pensa que ela está totalmente banalizada?
O público percebe a qualidade de cada artista. Eles adoram artistas antigos que têm mais possibilidades de serem mais profundos. Não digo que só os antigos valham a pena, por exemplo, eu vi o André Gonçalves, que é maravilhoso. Começou pequeno na TV e é talentosíssimo. Hoje em dia é mais fácil ser artista de TV. Na minha época, não era tanto. Hoje, existem pessoas que te selecionam pela fotogenia, pela voz.
Onde você se realiza mais?
Eu sou um ator de teatro que faz TV com prazer. O teatro existe porque somos esforçados realmente, não porque o país tenha infra-estrutura para isso.
O que prefere a tragédia ou a comédia?
Sou um comediante. Mas digo que o drama é uma escola. Não é uma coisa simples e só pode ser feito com uma certa técnica.
Quais dificuldades já teve de superar?
Sou uma pessoa que batalhou demais e tive muitos dissabores. mas não me arrependo porque trabalhou com muita gente boa.
E hoje acha que está no ápice da carreira?
Quando você fala em ápice, eu tenho medo, porque depois dele só vem caída. Acho que é muito pouco esse auge. Eu vou continuar na luta para conseguir fazer espetáculos sem patrocínio. Hoje em dia, eu não vivo mais a ansiedade do sucesso. Eu tive um reconhecimento sólido da minha carreira, que atribuem meu nome à qualidade artística. isso o Brasil não esquece. quero amadurecer cada vez mais. queria ter dinheiro para fazer papéis difíceis.
Como é estar só no palco?
é muito difícil. Às vezes penso que não vou dar conta. Mas eu não me sinto só nunca no teatro, porque eu estou em casa. Não tenho a solidão de uma pessoa que está insegura por não se ter alguém. eu tenho a solidão da responsabilidade. Precisa ter muita energia. Teatro é para atleta.
Como é que você treinou para essa peça?
Fui para um manicômio um mês. Fiquei preso em enfermarias, vi todos o processo de um esquizofrênicos.
Planos para o futuro?
Quero fazer outro espetáculo no ano que vem e pretenmd9o fazer cinema.




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