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SAÚDE
Poluição sobe e asmáticos entram em crise
JAIRO BOUER
especial para a Folha
A piora nos índices de poluição
atmosférica em São Paulo, como
aconteceu no início da semana
passada, deve levar muita gente
com crise de asma aos prontos-socorros da capital durante os meses
do outono e do inverno.
Na segunda passada, apesar do
rodízio estadual dos veículos, duas
estações de medição da qualidade
do ar registraram o índice "inadequado".
O período de maio a julho é o
recordista em casos de pessoas
com problemas respiratórios na
cidade. A chegada dos meses mais
frios do ano, o maior número de
gripes e resfriados, as oscilações
mais bruscas de temperatura ao
longo do dia e a piora nos níveis de
poluição atmosférica são fatores
com "culpa no cartório".
Os poluentes não são, diretamente, agentes que desencadeiam
uma crise respiratória alérgica (rinite ou asma). No entanto, segundo Charles Naspitz, professor titular de alergia e imunologia do departamento de pediatria da Unifesp, eles são irritantes da mucosa
(revestimento interno) do sistema
respiratório.
Ao causar uma irritação na mucosa, os poluentes acabam intensificando um processo inflamatório.
Todo tecido inflamado fica mais
irrigado por sangue e mais "vulnerável" à entrada de alérgenos
(ácaros e bolores) e de microorganismos (vírus e bactérias).
Essa situação favorece a instalação de uma crise de asma ou mesmo de um quadro gripal. Naspitz
lembra que as próprias gripes e
resfriados também podem disparar uma crise alérgica.
Ana Maria de Ulhôa Escobar,
pediatra e chefe dos prontos-socorros do Hospital Santa Catarina
e do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USP diz que
houve uma verdadeira explosão de
crianças com problemas respiratórios no começo dessa semana.
"Saí do consultório quase todos
os dias às 22h. Nos prontos-socorros do Einstein, Santa Catarina e
Instituto da Criança, o movimento cresceu quase 40%."
Ana acredita que o aumento da
poluição tem um papel relevante
nesse panorama. "As mudanças
de temperatura também têm seu
peso, mas os poluentes acabam
quebrando a barreira de defesa do
sistema respiratório, facilitando
quadros alérgicos (tosse, rinite,
asma) e gripes", diz.
Os especialistas concordam que,
do ponto de vista médico, não há
muito o que fazer, nesse momento, para combater os efeitos que a
poluição atmosférica de São Paulo
provoca sobre as crianças.
Tanto Ana Escobar como Charles Naspitz concordam que uma
escapada da cidade nos finais de
semana podar uma ajuda para os
alérgicos.
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