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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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TRANSPORTE

Continuidade da paralisação será avaliada em assembléia no final da tarde; rodízio de veículos será suspenso

Metroviários decidem fazer greve hoje

DA REPORTAGEM LOCAL

Os metroviários de São Paulo confirmaram ontem à noite, em assembléia na sede do sindicato, a realização de uma greve a partir da 0h de hoje para reivindicar um reajuste salarial de 18,13%. Esse aumento foi determinado no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) no final de maio, mas a Companhia do Metropolitano diz não ter recursos para concedê-lo.
A mobilização deve afetar 2,5 milhões de passageiros. A última greve da categoria foi realizada em 2001. Os trabalhadores voltarão a se reunir hoje, às 18h30, para decidir pela continuidade do movimento amanhã.
A prefeitura decidiu suspender o rodízio municipal de veículos e a exigência de cartões do sistema de zona azul. Mas a proibição de carros em corredores e faixas exclusivas de ônibus estará mantida. Deverá haver reforço na frota dos ônibus municipais e intermunicipais para atender algumas estações do Metrô.
O juiz do TRT João Carlos de Araújo concedeu ontem à tarde uma liminar, pedida pela diretoria do Metrô, para que os trabalhadores mantenham 100% do sistema nos horários de pico e 80% no restante do dia, sob pena de multa de R$ 200 mil. A decisão, entretanto, não será cumprida.
O diretor de imprensa do sindicato, Manuel Xavier Lemos Filho, afirmou que manter esse percentual em funcionamento "significaria a mesma coisa que não haver greve". Segundo ele, os trabalhadores, durante assembléia, decidiram não realizar nenhum esquema de emergência hoje.
O Metrô não aceita reduzir funcionários na operação, principalmente nos picos, em razão dos riscos à segurança dos passageiros. "O perigo de sobrecarga nas plataformas seria grande porque as linhas estão no limite", afirmou Jurandir Fernandes, secretário dos Transportes Metropolitanos.

Audiência
A assembléia da categoria teve a participação de 2.000 trabalhadores -do total de 8.000 funcionários do Metrô. A idéia inicial era definir pela paralisação por tempo indeterminado. Eles decidiram, porém, aguardar uma tentativa de conciliação marcada para hoje, às 14h30, no TRT.
O presidente do Metrô, Luiz Carlos Frayze David, esteve ontem em Brasília, acompanhado de Fernandes, para formalizar um pedido de efeito suspensivo no TST (Tribunal Superior do Trabalho) contra a elevação salarial de 18,13% concedida no TRT.
A empresa diz que esse reajuste de 18,13% representaria uma elevação de R$ 98 milhões nas despesas anuais do Metrô. Com ele, 81% da receita ficaria comprometida com salários -faltando dinheiro para as demais despesas. Durante as negociações do dissídio coletivo, a companhia fez proposta de elevação salarial de 8%.
O sindicato também contesta a posição do Metrô de que não há recursos para pagar esse aumento, já que houve reajuste da tarifa em janeiro. A passagem do bilhete unitário, na época, subiu 18,75% -de R$ 1,60 para R$ 1,90.
"Esse argumento é uma falácia. Estávamos havia 18 meses sem reajustar a tarifa. O aumento serviu para bancar os aumentos salariais anteriores dos funcionários", afirmou Fernandes. O Estado, segundo ele, teve que injetar R$ 101 milhões no Metrô em 2002 para bancar as gratuidades do sistema.


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