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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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SAÚDE

Registro de remédio usado em pacientes submetidos a operações de catarata no Rio de Janeiro era de outro produto

Medicamento suspeito de ter provocado cegueira tinha licença irregular

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

O remédio Methyl Lens Hypac 2%, um dos dois suspeitos de terem causado cegueira em 12 pessoas submetidas a operações de catarata no Rio, tinha licença irregular, segundo o delegado Renato Nunes, da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Saúde Pública. Segundo ele, o número de registro no Ministério da Saúde corresponde a outro remédio, e o laboratório Lenssurgical Oftalmologia não teria licença para fabricá-lo. Em fevereiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a determinar o recolhimento do produto.
Nunes, que ontem abriu inquérito sobre o caso, informou que o Oftvisc, o outro remédio suspeito, teve dois lotes interditados em abril por contaminação. Os produtos contêm metilcelulose, substância usada para proteger o olho após a cirurgia. A suspeita é de contaminação por bactéria.
O Oftivision, que fabrica o Oftvisc, nega acidentes com o produto no Rio, mas admite responsabilidade por sete casos de cegueira em Ribeirão Preto (SP).
No Rio, cinco casos ocorreram na Clínica de Olhos de Niterói, que confirmou o uso do Methyl Lens Hypac 2%. Segundo a polícia, houve outros cinco casos no hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ, onde teria sido usado o Oftvisc, e dois na Santa Casa de Misericórdia, onde foi utilizado o Methyl Lens Hypac 2%.
Técnicos da Anvisa farão vistorias nos dois laboratórios para verificar possíveis irregularidades. Segundo o delegado, os proprietários da empresa poderão ser indiciados sob as acusações de fabricar e vender medicamento sem autorização da Anvisa e de lesão corporal grave. Além disso, o advogado dos dois pacientes da Santa Casa de Misericórdia, Alessandro Paula Freitas, entrou ontem com pedido de indenização.
O Lenssurgical Oftalmologia funcionou em Campinas, mas a Secretaria Municipal da Saúde só soube de sua existência em fevereiro, após ter sido informada pela Anvisa. A secretaria constatou que a empresa não possuía farmacêutico responsável, que o barracão não tinha condições de higiene e que não seguia o Manual de Boas Práticas -instrumento de conduta e procedimentos para a fabricação de medicamentos. A secretaria informou que o laboratório também não possuía alvará de instalação e funcionamento. A Folha não conseguiu contatar representantes da empresa ontem.


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