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SAÚDE
Registro de remédio usado em pacientes submetidos a operações de catarata no Rio de Janeiro era de outro produto
Medicamento suspeito de ter provocado cegueira tinha licença irregular
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
O remédio Methyl Lens Hypac
2%, um dos dois suspeitos de terem causado cegueira em 12 pessoas submetidas a operações de
catarata no Rio, tinha licença irregular, segundo o delegado Renato
Nunes, da Delegacia de Repressão
a Crimes contra a Saúde Pública.
Segundo ele, o número de registro
no Ministério da Saúde corresponde a outro remédio, e o laboratório Lenssurgical Oftalmologia
não teria licença para fabricá-lo.
Em fevereiro, a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa)
chegou a determinar o recolhimento do produto.
Nunes, que ontem abriu inquérito sobre o caso, informou que o
Oftvisc, o outro remédio suspeito,
teve dois lotes interditados em
abril por contaminação. Os produtos contêm metilcelulose, substância usada para proteger o olho
após a cirurgia. A suspeita é de
contaminação por bactéria.
O Oftivision, que fabrica o Oftvisc, nega acidentes com o produto no Rio, mas admite responsabilidade por sete casos de cegueira
em Ribeirão Preto (SP).
No Rio, cinco casos ocorreram
na Clínica de Olhos de Niterói,
que confirmou o uso do Methyl
Lens Hypac 2%. Segundo a polícia, houve outros cinco casos no
hospital Clementino Fraga Filho,
da UFRJ, onde teria sido usado o
Oftvisc, e dois na Santa Casa de
Misericórdia, onde foi utilizado o
Methyl Lens Hypac 2%.
Técnicos da Anvisa farão vistorias nos dois laboratórios para verificar possíveis irregularidades.
Segundo o delegado, os proprietários da empresa poderão ser indiciados sob as acusações de fabricar e vender medicamento sem
autorização da Anvisa e de lesão
corporal grave. Além disso, o advogado dos dois pacientes da Santa Casa de Misericórdia, Alessandro Paula Freitas, entrou ontem
com pedido de indenização.
O Lenssurgical Oftalmologia
funcionou em Campinas, mas a
Secretaria Municipal da Saúde só
soube de sua existência em fevereiro, após ter sido informada pela Anvisa. A secretaria constatou
que a empresa não possuía farmacêutico responsável, que o barracão não tinha condições de higiene e que não seguia o Manual de
Boas Práticas -instrumento de
conduta e procedimentos para a
fabricação de medicamentos. A
secretaria informou que o laboratório também não possuía alvará
de instalação e funcionamento. A
Folha não conseguiu contatar representantes da empresa ontem.
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