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CASO CELOBAR
Ricardo Diomedes, 57, pode ser a 22ª vítima
Laudo do IML aponta sais de bário no corpo de técnico morto no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
O laudo realizado pelo IML
(Instituto Médico Legal) do Rio
confirmou ontem que havia uma
grande quantidade de sal de bário
solúvel no corpo do técnico dentário Ricardo Diomedes, 57. Diomedes é uma das supostas vítimas
do Celobar, contraste radiológico
fabricado pelo laboratório Enila.
Com esse caso, o número de mortos após consumir o medicamento chega a 22.
Segundo Roger Ancillotti, diretor do instituto, foram encontrados, em média, 7,3 miligramas de
sal de bário por quilo nas vísceras
de Diomedes. De acordo com Ancillotti, 5,7 miligramas já são suficientes para matar.
Os órgãos onde foram detectadas as maiores quantidades do
produto foram a bexiga e os rins,
com 12 miligramas e 18 miligramas, respectivamente.
Segundo Ancillotti, a causa da
morte do técnico foi ""um erro na
formulação do Celobar, o que fez
com que o contraste se transformasse em veneno". ""A quantidade encontrada é incompatível
com a vida", concluiu o laudo.
O Enila usou carbonato de bário
(produto adotado em raticidas)
em experiência para tentar produzir sulfato de bário, substância
ativa do Celobar. Laudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
apontou a presença de 14% do veneno em amostras de 100 g do lote
suspeito de causar as mortes.
Cerco
Na semana passada, o delegado
Renato Nunes, da Delegacia de
Repressão aos Crimes Contra
Saúde Pública, afirmou que uma
grande quantidade de sal de bário
confirmaria a tese de contaminação "voluntária". Segundo ele, a
principal hipótese era de crime
doloso -com intenção.
Ontem, a juíza Patrícia de Carvalho, da 38ª Vara Criminal do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou o recolhimento dos passaportes do diretor-presidente do Enila, Márcio D'Icarahy, do químico responsável,
Antônio Carlos Fonseca, da farmacêutica Márcia Fernandes e do
químico Vagner Teixeira. A Polícia de Fronteira foi avisada, e eles
estão impedidos de deixar o país.
(SABRINA PETRY)
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