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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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CASO CELOBAR

Ricardo Diomedes, 57, pode ser a 22ª vítima

Laudo do IML aponta sais de bário no corpo de técnico morto no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

O laudo realizado pelo IML (Instituto Médico Legal) do Rio confirmou ontem que havia uma grande quantidade de sal de bário solúvel no corpo do técnico dentário Ricardo Diomedes, 57. Diomedes é uma das supostas vítimas do Celobar, contraste radiológico fabricado pelo laboratório Enila. Com esse caso, o número de mortos após consumir o medicamento chega a 22.
Segundo Roger Ancillotti, diretor do instituto, foram encontrados, em média, 7,3 miligramas de sal de bário por quilo nas vísceras de Diomedes. De acordo com Ancillotti, 5,7 miligramas já são suficientes para matar.
Os órgãos onde foram detectadas as maiores quantidades do produto foram a bexiga e os rins, com 12 miligramas e 18 miligramas, respectivamente.
Segundo Ancillotti, a causa da morte do técnico foi ""um erro na formulação do Celobar, o que fez com que o contraste se transformasse em veneno". ""A quantidade encontrada é incompatível com a vida", concluiu o laudo.
O Enila usou carbonato de bário (produto adotado em raticidas) em experiência para tentar produzir sulfato de bário, substância ativa do Celobar. Laudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou a presença de 14% do veneno em amostras de 100 g do lote suspeito de causar as mortes.

Cerco
Na semana passada, o delegado Renato Nunes, da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra Saúde Pública, afirmou que uma grande quantidade de sal de bário confirmaria a tese de contaminação "voluntária". Segundo ele, a principal hipótese era de crime doloso -com intenção.
Ontem, a juíza Patrícia de Carvalho, da 38ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou o recolhimento dos passaportes do diretor-presidente do Enila, Márcio D'Icarahy, do químico responsável, Antônio Carlos Fonseca, da farmacêutica Márcia Fernandes e do químico Vagner Teixeira. A Polícia de Fronteira foi avisada, e eles estão impedidos de deixar o país.
(SABRINA PETRY)


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