São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros 31ª SÃO PAULO FASHION WEEK - ÚLTIMA MODA Casa grande & senzala VIVIAN WHITEMAN DE SÃO PAULO A moda feita no Brasil está às voltas com questões de classe e origem nesta edição verão 2012 da São Paulo Fashion Week. A discussão iniciada anteontem pela Osklen, com sua coleção que mostrou a influência negra na roupa que hoje veste a elite brasileira, encontrou diferentes ecos nas coleções das grifes Maria Bonita e Paula Raia, apresentadas ontem. A Maria Bonita se inspirou na herança das tradições artesanais portuguesas, da tapeçaria aos azulejos. A roupa do colonizador se misturava a estampas de paisagens locais, nas construções de modelagem sempre muito rica e precisa, criadas pela estilista Danielle Jensen. As roupas de Danielle para a Maria Bonita, tão belas quanto caras (e elas são belíssimas), são sucesso entre a elite modernete do "grande feudo" de São Paulo. Nos bastidores fashion, o perfil das "bonitonas" (clientes da Maria Bonita) é descrito como um misto de curadora de arte, designer de interiores e atriz "cabeça". As roupas quase sempre têm um pé nas classes trabalhadoras (a coleção passada, por exemplo, falava dos pedreiros que ergueram Brasília). Nessa linha, o Portugal de Danielle é o dos camponeses, não o da família real portuguesa. As clientes acham mais bacana. Paula Raia era uma das metades da Raia de Goeye, grife hoje extinta e que já foi parte da SPFW. A estilista fez sua estreia solo no evento em um desfile restrito e cercado de mistério (até ontem ela não liberara desenhos, tema ou imagens da coleção). Um dos temas da coleção é a street dance -novo hype negro-periférico entre os membros da alta roda. As clientes de Paula, como as da Maria Bonita, são ricas. Paula é um de seus ícones de estilo. A turma é outra, no entanto: a das jovens socialites da "elite sustentável". O pacote inclui tecidos orgânicos, ecobags feitas por ONGs e simpatia em relação à cultura de rua -desde que ela seja exposta nas paredes das casas e nos clubes frequentados pela galera. E a roupa? Muito mistério para pouca novidade: um xerox reeditado das coisas antigas da Raia de Goeye. Ou seja, vestidos com recortes laterais, vazados, saias longas, cinturas deslocadas e shapes masculinos. De novidade, calças com correntes estilo grilhão embutidas nas pernas, de péssimo gosto. A construção, a modelagem e o acabamento das peças deixaram muito a desejar, o conjunto de cores era desarmônico e, fora um agasalho masculino estilo rapper, a street dance parou na trilha sonora e nas trancinhas black das modelos. TUITADAS @meninoducafezin Ashton Kutcher de novo? Coitado! Deve estar ganhando muito bem para ter que vestir os trapos da Colcci O personagem anônimo Menino do Cafezinho alfineta a Colcci ao comentar o fato de o galã, marido de Demi Moore, ter desfilado para a grife @SusanaBarbosa E a gente diferenciada, que não respeita fila, seguranças, colegas de profissão??? Uma loucura! A editora de moda da Elle comenta a falta de educação de alguns fashionistas na SPFW Praieiras Isabeli Fontana e Renata Kuerten integraram o casting estrelado da Cia. Marítima. Fora as gatas mais lindas da temporada, nenhum charminho instigante nessa areia cheia de estampas de bicho. Supersexy Priscilla Darolt largou os excessos experimentais e apostou numa coleção poderosa e sexy cheia de vazados e transparências. A top Izabel Goulart desfilou com exclusividade para ela. DESFILES DE HOJE 11h - Alexandre Herchcovitch (masculino) 12h30 - Neon 15h30 - Ellus 17h - V.Rom 19h - FH por Fause Haten 20h15 - Adriana Degreas 21h30 - Lino Villaventura Ao som de hip-hop, socialites aplaudem moda de Paula Raia NINA LEMOS DE SÃO PAULO "Está todo mundo aqui!" A frase era dita com empolgação por alguns dos presentes ao evento realizado pela estilista Paula Raia para apresentar sua coleção verão 2012. Cenário: a luxuosa casa da moça, no Jardim Europa. Uma passarela, com arquibancada e logo da marca, foi montada no jardim. Garçons serviam champanhe, drinks e refrigerantes para os convidados, que esperavam o desfile, espalhados pelas salas e cercados por obras de arte. O "todo mundo" era formado por cerca de 200 convidados da alta sociedade paulistana. "A turma toda está aqui!", comemorava a blogueira Bruna Calarezi, "melhor amiga da melhor amiga da estilista". "SOM DE NEGÃO" O público endinheirado (houve engarrafamento de carros de luxo) aplaudiu de pé as peripécias da estilista da "galera". E deu gritos com a apresentação de um grupo de street dance (a dança que veio do gueto e faz parte da cultura hip-hop). Os bailarinos fizeram uma apresentação para "gringo ver". Bem-comportado, o show ficou a cargo de alunos da escola Estúdio Anacã, localizada na vizinhança da estilista. "Foi uma das coisas mais bonitas que eu já vi na vida", comemorava a socialite Tereza Fittipaldi, que admitiu não ser fã de black music. "Meus filhos não gostam muito de "hop-hip'", disse, se referindo ao gênero musical que fez parte da trilha do desfile de Paula Raia. "Essa apresentação foi a cara da Paulinha. Deu um clima descolado", disse Tatiana Pilão, blogueira e, segundo ela, "uma loirinha que gosta de som de negão." "Todas as tribos de São Paulo estão representadas aqui", exagerava a moça. A turma dos serviçais estava bem representada. Um grupo composto de cinco empregadas uniformizadas, mais uns dez garçons, além dos seguranças se revezava no atendimento VIP aos convidados. Uma das empregadas via parte do desfile de pé, espremida ao lado de uma colega em uma área que dava acesso à casa. "A dona Paula não convida a gente. Mas não liga de a gente assistir", afirmou. O marido da estilista, o empresário Fernando Altério, assistia a tudo do alto, em pé na última fila da arquibancada de quatro andares montada em seus jardins. E colhia elogios. "Ela é uma artista", dizia uma. "Não tenho palavras", dizia outra. No fim, uma mesa de petiscos foi montada. Mas poucos comeram. A "turma" preferiu conversar e aproveitar "a vibe". "O clima está muito gostoso", disse a blogueira (profissão de muitas das presentes) Marilia Queiroz. A palavra "evento exclusivo" foi evitada pelos convidados, representantes da nova geração da sociedade paulistana. Muito mais cool chamar o convescote de "intimista". com NINA LEMOS, PEDRO DINIZ e VITOR ANGELO Texto Anterior: OAB reduz em 20% as questões do exame Próximo Texto: Brecha no projeto Nova Luz é vista com ressalva Índice | Comunicar Erros

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.