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FANTASMAS
Desvios foram apontados pelo TCM no Anhembi e na Cohab, que vai ser investigada
Empresas municipais pagaram salários
duplos e sem comprovação de ponto
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
A Prefeitura de São Paulo pagou
duas vezes os salários de alguns
funcionários temporários e depositou os vencimentos de outros
servidores sem ter comprovantes
de que eles de fato trabalharam.
As irregularidades foram constatadas por auditorias de rotina feitas pelo Tribunal de Contas do
Município (TCM) no Anhembi
Turismo e Eventos e na Cohab
(Companhia Metropolitana de
Habitação de São Paulo).
Segundo o promotor Roberto
Porto, um dos que investigam a
ação da máfia da propina, as duas
irregularidades são fortes indícios
da existência de novas fraudes na
gestão da mão-de-obra das empresas públicas da cidade.
A prefeitura é a maior acionista
de seis empresas de capital aberto.
Como são de economia mista, as
empresas podem contratar funcionários por salários maiores do que
os pagos pela administração, sem
publicar o nome dos indicados no
"Diário Oficial" do Município.
A Polícia Civil e o Ministério Público já têm indícios de que o sigilo
das contratações transformou pelo
menos duas dessas empresas
-Anhembi e Prodam (Companhia de Processamento de Dados
do Município de São Paulo)- em
cabides de emprego para apadrinhados políticos de aliados do governo municipal.
Muitos desses funcionários foram interrogados e confessaram
que eram fantasmas, ou seja, recebiam sem trabalhar. Eles costumavam assinar as folhas de frequência diárias no final do mês nas próprias empresas.
O que não se sabia até então é que
também houve duplo pagamento
de funcionários e que as fraudes
podem atingir a Cohab.
Com a constatação feita pelo
TCM, segundo Porto, as investigações do Anhembi serão ampliadas
e a Cohab passa a integrar a lista de
empresas suspeitas de envolvimento na rede de corrupção.
Casos
A auditoria da Cohab foi feita em
10 de julho de 97. Na ocasião, os
técnicos do TCM analisaram as folhas de presença de 32 funcionários de confiança (contratados sem
concurso) e constataram que 15
deles não haviam assinado a lista
em nenhum dia daquele mês.
A Cohab justificou a falha dizendo que os funcionários haviam sido cedidos a outros órgãos da administração, mas não apresentou
documentos que comprovassem o
empréstimo nem controles de que
eles de fato estavam trabalhando
regularmente (todo os dias) fora
da companhia.
Entre julho de 97 e janeiro passado, o tribunal cobrou providências. Em janeiro, voltou a notificar
o presidente da Cohab, Deniz Ferreira Ribeiro, e o prefeito Celso Pitta (sem partido) sobre a necessidade de "adotar normas de controle
de frequência do pessoal em cargo
de confiança prestando serviço em
outros órgãos".
No Anhembi, a auditoria foi feita
em 96, mas analisou os controles
desde 93. Ela constatou que a empresa havia pago em duplicidade
69 funcionários temporários.
A irregularidade já havia sido notada pelo próprio Anhembi que,
então, exigiu R$ 230 mil de volta da
empresa contratada.
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