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INFÂNCIA
Segundo pesquisa do Unicef, 30% delas estão fora da escola e recebem entre R$ 1 e R$ 6 por dia de trabalho
50 mil crianças vivem em lixões no Brasil
Lucio Piton/Folha Imagem
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Hugo, 3, e Fabrício, 4, que ajudam os pais a catar lixo em Ribeirão Preto, São Paulo |
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
O Brasil tem hoje pelo menos 50
mil crianças e adolescentes que vivem e trabalham em depósitos de
lixo a céu aberto -os lixões.
Segundo pesquisa do Unicef
(Fundo das Nações Unidas para a
Infância), 30% deles estão fora da
escola e recebem entre R$ 1 e R$ 6
por dia comercializando o lixo,
que também é a principal fonte de
alimentação dessas crianças.
Para combater o problema, o
Unicef, o Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano lançaram ontem
a campanha "Criança no Lixo
Nunca Mais", que pretende tirar
dos lixões, até 2002, todos os 50 mil
crianças e adolescentes.
De imediato, a campanha espera
trazer para a escola os 15 mil moradores dos lixões com menos de 18
anos que estão sem estudar. Os
adolescentes, além de matriculados em programas supletivos, serão incluídos em programas profissionalizantes.
"A situação das crianças que vivem nos lixões é dramática e inaceitável. Elas não têm acesso à escola nem à água limpa e estão mais
sujeitas a sofrer doenças respiratórias e de pele", diz Reiko Nimi, representante do Unicef no Brasil.
Segundo Nimi, os adolescentes
que vivem nos lixões também
apresentam altos índices de alcoolismo e gravidez precoce.
Os projetos para tirar as crianças
do lixo serão desenvolvidos por
5.507 prefeituras de todo o país,
com apoio dos organizadores da
campanha.
Os prefeitos que se interessarem
receberão material mais detalhado
com relatos de experiências bem-sucedidas das prefeituras de Olinda e Petrolina (PE), Manaus (AM),
Rio Branco (AC) e Palmeira dos
Índios (AL).
Além de tirar crianças e adolescentes dos lixões, a campanha
também pretende envolver os pais
que trabalham como catadores de
lixo. O objetivo é capacitá-los profissionalmente, incentivando a
formação de cooperativas para
que aumentem a renda familiar.
Segundo o Unicef, em 88% das
cidades brasileiras o lixo é despejado em locais abertos, que viram
moradia e fonte de renda de famílias de baixa renda.
O ideal é que o lixo seja despejado em aterros sanitários ou controlados, com acesso restrito para
a população. Entretanto, apenas
11,7% do lixo produzido no Brasil
tem esse destino.
Outro problema é o grande número de municípios que não fazem coleta domiciliar. No Brasil,
46 milhões de pessoas vivem em
lugares onde o lixo não é recolhido
pelas prefeituras, incentivando a
formação de lixões.
A situação é mais grave no Nordeste. Enquanto no Brasil 28% dos
domicílios não têm coleta de lixo,
no Nordeste a proporção sobe para 49,8%.
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