São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
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Governo investe pouco na solução do problema

da Sucursal de Brasília

Apesar de 88% do lixo no Brasil ser depositado a céu aberto e de 46 milhões de brasileiros morarem em cidades em que não há coleta domiciliar, só R$ 100 milhões dos R$ 3,7 bilhões liberados pela CEF (Caixa Econômica Federal) para saneamento entre 96 e 98 foram destinados a programas de coleta e tratamento de lixo.
Para o secretário de Desenvolvimento Urbano, Sérgio Cutolo, essa distorção é um exemplo da "inoperância" do Estado para resolver o problema do lixo no país.
"As 50 mil crianças que vivem nos lixões mostram como o Estado no Brasil ainda é inoperante", disse Cutolo. Segundo ele, os problemas urbanos no país explodiram nos últimos anos porque não houve investimento nessas áreas.
Para Cutolo, faltam recursos, mas o principal problema é a má utilização da verba existente.
"Os recursos existem, mas nem sempre são bem aplicados. Grande parte deles é consumida de forma autofágica, usada para cobrir a ineficiência do Estado em vez de resolver os problemas urbanos."
Cutolo atribuiu aos municípios a responsabilidade pela falta de investimentos em programas de tratamento de lixo. Mas não isentou o governo federal de culpa.
"O governo federal investiu bastante, mas não foi suficiente. Não investiu de forma adequada. E, embora a receita dos municípios tenha aumentado três vezes de 88 para cá, não houve melhoria expressiva nos serviços de saneamento", disse.
Uma das alternativas que estão sendo estudadas para aumentar o investimento em programas de tratamento de lixo é permitir que municípios que devem à União -e por isso ficam impossibilitados de receber recursos federais- sejam beneficiados por empréstimos da CEF.
Os R$ 100 milhões que haviam sido colocados à disposição dos municípios entre 96 e 98 não foram totalmente utilizados porque muitas prefeituras deviam à União e não podiam ter acesso às linhas de financiamento.
Para evitar que esse problema aconteça em 99, o Ministério do Meio Ambiente e a CEF estão estudando mecanismos que permitam a todos os municípios ter acesso às linhas de crédito para tratamento de lixo.


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