Governo investe pouco na solução do problema
da Sucursal de Brasília
Apesar de 88% do lixo no Brasil
ser depositado a céu aberto e de 46
milhões de brasileiros morarem
em cidades em que não há coleta
domiciliar, só R$ 100 milhões dos
R$ 3,7 bilhões liberados pela CEF
(Caixa Econômica Federal) para
saneamento entre 96 e 98 foram
destinados a programas de coleta e
tratamento de lixo.
Para o secretário de Desenvolvimento Urbano, Sérgio Cutolo, essa
distorção é um exemplo da "inoperância" do Estado para resolver
o problema do lixo no país.
"As 50 mil crianças que vivem
nos lixões mostram como o Estado
no Brasil ainda é inoperante", disse Cutolo. Segundo ele, os problemas urbanos no país explodiram
nos últimos anos porque não houve investimento nessas áreas.
Para Cutolo, faltam recursos,
mas o principal problema é a má
utilização da verba existente.
"Os recursos existem, mas nem
sempre são bem aplicados. Grande
parte deles é consumida de forma
autofágica, usada para cobrir a
ineficiência do Estado em vez de
resolver os problemas urbanos."
Cutolo atribuiu aos municípios a
responsabilidade pela falta de investimentos em programas de tratamento de lixo. Mas não isentou o
governo federal de culpa.
"O governo federal investiu bastante, mas não foi suficiente. Não
investiu de forma adequada. E,
embora a receita dos municípios
tenha aumentado três vezes de 88
para cá, não houve melhoria expressiva nos serviços de saneamento", disse.
Uma das alternativas que estão
sendo estudadas para aumentar o
investimento em programas de
tratamento de lixo é permitir que
municípios que devem à União
-e por isso ficam impossibilitados de receber recursos federais-
sejam beneficiados por empréstimos da CEF.
Os R$ 100 milhões que haviam sido colocados à disposição dos municípios entre 96 e 98 não foram totalmente utilizados porque muitas
prefeituras deviam à União e não
podiam ter acesso às linhas de financiamento.
Para evitar que esse problema
aconteça em 99, o Ministério do
Meio Ambiente e a CEF estão estudando mecanismos que permitam
a todos os municípios ter acesso às
linhas de crédito para tratamento
de lixo.
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