São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
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FERTILIZAÇÃO
Doadora recebe auxílio
Projeto populariza doação



PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

Uma clínica de fertilização artificial de São Paulo criou uma nova fórmula para tentar popularizar a doação de óvulos.
O novo projeto incentiva mulheres férteis que tenham de se submeter a alguma cirurgia ginecológica a doarem óvulos. Em troca, a receptora de suas células sexuais custeia parte da cirurgia (correspondente à aspiração dos óvulos).
A iniciativa partiu do especialista em reprodução humana Nilson Donadio, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Em sua clínica particular Pró-Embryo, Donadio recebeu, desde junho de 96, 150 candidatas a doadoras que não eram inférteis. Após exames físicos e psicológicos, 55 delas foram consideradas aptas a doar seus óvulos -as outras foram vetadas por problemas de saúde, entre outros fatores.
Para Donadio, incentivar mulheres férteis a doar seus óvulos é uma forma de aumentar o número de doadoras, que é sempre escasso.
A forma usada até hoje nas clínicas de fertilização depende da doação por mulheres inférteis (por outros motivos que não problemas com seus óvulos), que passam por um tratamento de fertilização e, ao mesmo tempo, doam parte dos seus óvulos maturados por estimulação com medicamentos.
Uma das vantagens da fórmula de Donadio é que as mulheres férteis podem doar todos os óvulos maturados com o tratamento, não apenas parte deles, como ocorre com as doadoras inférteis -que também precisam de suas próprias células para o tratamento.
A estimulação com hormônios permite a maturação de até 12 óvulos. Como só podem ser introduzidos quatro embriões no útero da receptora (segundo resolução do Conselho Federal de Medicina), os óvulos da mulher fértil podem ser divididos entre duas doadoras.
A idéia de Donadio é que uma das duas receptoras seja carente, sem condições de pagar as custas da cirurgia para a doadora. "Dessa forma, aumentamos o número de doadoras e permitimos o acesso de mulheres carentes à técnica."
A intenção de Donadio é divulgar seu projeto para que outras clínicas de fertilização do país passem a formar parcerias com ginecologistas, popularizando a doação de óvulos por mulheres férteis.
O Conselho Federal de Medicina aprova a idéia de Donadio. "Não há problema ético. As mulheres doam espontaneamente", diz Antonio Henrique Pedrosa Neto, secretário geral do CFM.
Já segundo Roger Abdelmassih, outro especialista da área, a idéia é boa, porém traz algumas complicações. Uma delas é o fato de a mulher fértil candidata a doadora ter de tomar hormônio para estimular a liberação de óvulos.
"Além disso, terá de ser submetida à aspiração de óvulos. Por menos risco que o procedimento tenha, traz certo incômodo para a mulher", afirma.
Segundo Donadio, a quantidade de hormônios que a doadora toma é bem inferior à que tomam as mulheres que vão se submeter ao tratamento de fertilização. Ele explica que a retirada dos óvulos é feita junto com a cirurgia que a doadora tem de fazer por indicação médica, utilizando a mesma anestesia.


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