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FERTILIZAÇÃO
Doadora recebe auxílio
Projeto
populariza
doação
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
Uma clínica de fertilização artificial de São Paulo criou uma nova
fórmula para tentar popularizar a
doação de óvulos.
O novo projeto incentiva mulheres férteis que tenham de se submeter a alguma cirurgia ginecológica a doarem óvulos. Em troca, a
receptora de suas células sexuais
custeia parte da cirurgia (correspondente à aspiração dos óvulos).
A iniciativa partiu do especialista
em reprodução humana Nilson
Donadio, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Em sua clínica particular Pró-Embryo, Donadio recebeu, desde
junho de 96, 150 candidatas a doadoras que não eram inférteis. Após
exames físicos e psicológicos, 55
delas foram consideradas aptas a
doar seus óvulos -as outras foram vetadas por problemas de saúde, entre outros fatores.
Para Donadio, incentivar mulheres férteis a doar seus óvulos é uma
forma de aumentar o número de
doadoras, que é sempre escasso.
A forma usada até hoje nas clínicas de fertilização depende da doação por mulheres inférteis (por outros motivos que não problemas
com seus óvulos), que passam por
um tratamento de fertilização e, ao
mesmo tempo, doam parte dos
seus óvulos maturados por estimulação com medicamentos.
Uma das vantagens da fórmula
de Donadio é que as mulheres férteis podem doar todos os óvulos
maturados com o tratamento, não
apenas parte deles, como ocorre
com as doadoras inférteis -que
também precisam de suas próprias
células para o tratamento.
A estimulação com hormônios
permite a maturação de até 12 óvulos. Como só podem ser introduzidos quatro embriões no útero da
receptora (segundo resolução do
Conselho Federal de Medicina), os
óvulos da mulher fértil podem ser
divididos entre duas doadoras.
A idéia de Donadio é que uma
das duas receptoras seja carente,
sem condições de pagar as custas
da cirurgia para a doadora. "Dessa
forma, aumentamos o número de
doadoras e permitimos o acesso de
mulheres carentes à técnica."
A intenção de Donadio é divulgar seu projeto para que outras clínicas de fertilização do país passem a formar parcerias com ginecologistas, popularizando a doação de óvulos por mulheres férteis.
O Conselho Federal de Medicina
aprova a idéia de Donadio. "Não
há problema ético. As mulheres
doam espontaneamente", diz Antonio Henrique Pedrosa Neto, secretário geral do CFM.
Já segundo Roger Abdelmassih,
outro especialista da área, a idéia é
boa, porém traz algumas complicações. Uma delas é o fato de a mulher fértil candidata a doadora ter
de tomar hormônio para estimular
a liberação de óvulos.
"Além disso, terá de ser submetida à aspiração de óvulos. Por menos risco que o procedimento tenha, traz certo incômodo para a
mulher", afirma.
Segundo Donadio, a quantidade
de hormônios que a doadora toma
é bem inferior à que tomam as mulheres que vão se submeter ao tratamento de fertilização. Ele explica
que a retirada dos óvulos é feita
junto com a cirurgia que a doadora
tem de fazer por indicação médica,
utilizando a mesma anestesia.
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