São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
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Nova técnica vai ser testada


da Reportagem Local

Um experimento, que deve ser realizado até o próximo mês em uma clínica de fertilização de São Paulo, se bem-sucedido, pode significar o fim da escassez de óvulos para doação.
O especialista em reprodução humana Roger Abdelmassih e outros dois pesquisadores de universidades norte-americanas que estão vindo ao Brasil vão testar aqui, pela primeira vez em humanos, uma técnica de maturar as chamadas células primordiais do ovário.
O ovário contém milhares dessas células que podem se tornar óvulos quando maduras.
O ser humano nasce com 2 milhões dessas células, que na puberdade se reduzem para 500 mil. A cada mês, a mulher perde de 800 a 1.000 células primordiais do ovário -apenas uma delas se transforma em óvulo.
O experimento consiste na retirada de um pequeno fragmento do ovário da mulher, que contém centenas dessas células. "Vamos tentar maturar essas células no laboratório", explica Abdelmassih. A maturação é feita com substâncias químicas e hormônios.
Segundo ele, a técnica foi bem-sucedida em estudos realizados com animais. "Se der certo em humanos, será a grande revolução na área da fertilização", diz. "Teremos óvulos a perder de vista para doar."

Congelamento
Como há complicações envolvendo o congelamento dos óvulos -diminuindo a eficácia dos resultados na fertilização, por exemplo-, a técnica nova propõe o congelamento do tecido do fragmento de ovário retirado que não for utilizado de imediato. Partes desse tecido vão sendo descongeladas quando necessárias, e as células vão sendo maturadas para, em seguida, serem utilizadas.
Segundo Abdelmassih, ao longo de dois anos nove centros de fertilização in vitro estão trabalhando ativamente nesses experimentos.
Ele estará presente, no fim deste mês, em um congresso europeu cujo tema principal a ser debatido é a maturação in vitro das células do ovário. (PL)

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