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ADMINISTRAÇÃO
Para prefeita, se a Justiça não liberar a cobrança, não haverá recursos para ampliar a iluminação pública
Marta condiciona investimento à taxa da luz
DAYANNE MIKEVIS
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita Marta Suplicy disse
ontem que a instalação de 40 mil
pontos de iluminação na periferia
de São Paulo pode ser prejudicada
se a Justiça não liberar o recolhimento da Cosip (Contribuição
para Custeio da Iluminação Pública), conhecida como taxa da
luz. A cobrança foi suspensa no
início do mês por uma liminar.
A instalação desses pontos de
luz, que atenderiam bairros como
Sapopemba (zona leste), M'Boi
Mirim e Capela do Socorro, ambos na zona sul, está orçada em
R$ 48 milhões. Nos meses em que
a taxa, de R$ 3,50, foi cobrada
(maio e junho), a arrecadação foi
de R$ 30 milhões. A instalação de
40 mil pontos representaria uma
ampliação de 8% na rede.
A prefeitura esperava arrecadar
R$ 112 milhões com o tributo até o
final do ano. A soma cobriria os
gastos da ampliação mais a manutenção e demais serviços relacionados à iluminação pública.
"Nós não temos no Orçamento
outra forma de fazer essas obras",
afirmou a prefeita.
O Ilume (Departamento de Iluminação Pública) informou que,
se a liminar não for cassada, uma
possibilidade seria alargar o prazo
de instalação dos pontos de luz ou
diminuir o número de regiões a
serem atendidas. Marta disse que
apontar alternativas seria pôr "o
carro na frente dos bois."
Ontem, a prefeitura entrou com
pedido de agravo de instrumento
no 1º Tribunal de Alçada Cível para cassar a liminar que suspendeu
a cobrança. O argumento é o de
que a liminar é ilegal, pois impede
a prefeitura de exercer uma ação
prevista na Constituição, segundo
o secretário de Negócios Jurídicos
em exercício, Carlos Frederico
Barbosa Bentivegna.
Na terça-feira, o juiz Mario Álvares Lobo, presidente do 1º Tribunal de Alçada Cível, não considerou uma tentativa de suspensão
dos efeitos da liminar que alegava
danos aos cofres públicos.
O recolhimento da taxa está suspenso desde o dia 7 de julho,
quando foi concedida uma liminar ao Idec (Instituto de Defesa
do Consumidor) isentando todos
os paulistanos.
O Idec argumentou em seu pedido que o tributo não pode ser
considerado uma contribuição de
melhoria, pois a melhora não se
reflete no valor do imóvel.
Além disso, casas e apartamentos pagam a mesma taxa. "Não é
algo divisível [entre os contribuintes que recebem o serviço e
pagam por ele]", disse Dulce Pontes Lima, responsável pela área jurídica do Idec. O argumento é baseado na definição dada pela
Constituição Federal para taxas.
Para o Idec, os recursos para a
ampliação da iluminação pública
não poderiam vir de uma contribuição de melhoria.
As declarações da prefeita foram feitas durante o lançamento
do Programa de Remodelação de
Iluminação. O programa, que
pretende iluminar 23 vias públicas e trocar as lâmpadas de mercúrio por outras de sódio, não depende da taxa da luz e teve um
custo de R$ 1,5 milhão. São 20 mil
pontos de iluminação a serem colocados até outubro.
"A luz de mercúrio é um método ultrapassado e quase a totalidade da iluminação do município
é feita por ela", disse o secretário
de Infra-Estrutura Urbana, Roberto Bortolotto.
Segundo a Eletropaulo, 24 municípios da região metropolitana
já começaram a trocar a sua iluminação pública.
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