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Prefeito de São Sebastião sofre atentado
Disparos foram feitos contra carro de Juan Pons Garcia (PPS), que voltava para casa de madrugada com a família; ninguém se feriu
Polícia não tem pistas sobre a autoria e a motivação do atentado, mas diz que a participação do PCC está "praticamente" descartada
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS
CAMPOS
O prefeito de São Sebastião
(litoral norte de São Paulo),
Juan Pons Garcia (PPS), 48, e
sua família foram alvo de um
atentado a tiros no início da
madrugada de ontem.
Um homem encapuzado disparou várias vezes, por volta da
1h30, contra o carro em que ele
estava com a mulher e os três filhos. Ninguém se feriu. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso.
O delegado-assistente do Departamento de Polícia Judiciária do Interior, de São José dos
Campos, Ronaldo Dias, afirma
que a polícia ainda não tem pistas sobre a autoria e a motivação do atentado, mas diz que a
participação do PCC está "praticamente" descartada.
"As ações do PCC normalmente são realizadas por mais
de uma pessoa, e de cara limpa.
Nesse atentado, o atirador estava aparentemente sozinho, todo vestido de preto e encapuzado", disse o delegado. "A motivação política é uma linha de
investigação. Mas ainda não
podemos descartar nenhuma
possibilidade", completou.
Na semana passada, após a
facção iniciar a segunda onda
de ataques no Estado, a Câmara
Municipal da cidade teve duas
de suas janelas incendiadas.
Em maio, na primeira série de
ataques, um jornal da cidade foi
incendiado por homens encapuzados, e a Cadeia Pública foi
destruída em uma rebelião, que
matou nove presos e feriu 15.
Emboscada
O prefeito também não acredita em envolvimento do PCC.
Segundo ele, a "emboscada" teve motivação política. O crime
ocorreu quando o veículo se
aproximou da entrada do condomínio onde ele mora. Um
homem saltou na frente do carro, uma Zafira prata, e atirou.
"Desviei para a direita, tentando sair da linha de tiro, mas ele
continuou atirando. Joguei o
carro para cima dele. O retrovisor esquerdo o atingiu, e ele
caiu. Consegui fugir", contou.
Segundo o prefeito, nove tiros atingiram o pára-brisa, o capô e o pára-choque dianteiro do
carro. O boletim de ocorrência
registrado na polícia diz que
apenas quatro cápsulas, de calibre 765, foram encontradas. O
veículo ainda será periciado.
Garcia descreveu o atirador
como um rapaz magro, que vestia roupas escuras e tinha o rosto encoberto por um capuz.
Disse ainda que não percebeu a
presença de mais ninguém próximo ao local do atentado.
Também não viu nem carros
nem motos estacionados no
caminho.
"Não era um assalto nem seqüestro. Um sujeito que aponta
e descarrega um revólver automático a menos de 20 metros
veio para matar", disse.
Ataques
Desde terça, quando o PCC
iniciou mais uma onda de violência, pelo menos 435 atentados foram registrados, entre incêndios de ônibus, ataques a
bancos e até a caminhões de lixo. Houve ao menos oito mortes. Ontem houve dez ataques.
Em São Paulo, a Inspetoria
Regional da GCM (Guarda Civil
Metropolitana) em Itaquera,
zona leste, foi atacada a tiros às
22h50 do sábado. Segundo a
polícia, cinco homens em três
motos efetuaram vários disparos contra a guarita do local.
Dois guardas, que estavam
trabalhando no momento do
atentado, revidaram com tiros.
Ninguém ficou ferido.
Uma agência do Unibanco foi
atacada a tiros e teve os caixas
eletrônicos destruídos, anteontem de manhã, na av. Rangel
Pestana, no bairro do Brás, região central de São Paulo. Não
houve vítimas.
Em Guaíra (466 km de SP),
uma bomba de fabricação caseira foi jogada contra uma delegacia e oito tiros foram disparados contra a casa da delegada
Eid Mara Ramos (Defesa da
Mulher) - até o fim da tarde de
ontem, ninguém havia sido
preso. Em Ribeirão, a casa de
um agente penitenciário foi
atingida por um coquetel molotov lançado na madrugada de
ontem. Ninguém ficou ferido.
O delegado seccional de Ribeirão, Benedito Valencise, disse que recebeu anteontem à
tarde, por telefone, uma ameaça de ataque à delegacia. O esquema de segurança foi reforçado. "Se atacar, vai morrer."
De acordo com ele, os atentados em Ribeirão não estão ligados ao PCC, mas sim a "oportunistas." "Não há motivo nenhum para pânico", argumentou Valencise.
Em Porto Ferreira (228 km
ao norte de SP), três ônibus estacionados na garagem de uma
empresa de transporte foram
incendiados por volta das 4h.
Não houve feridos.
Ontem, a visita dos parentes
aos presos foi proibida em 15
das 144 unidades prisionais do
Estado em protesto pela morte
de agentes penitenciários.
Colaboraram a Reportagem Local e a Folha Ribeirão
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