São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 2006

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Prefeito de São Sebastião sofre atentado

Disparos foram feitos contra carro de Juan Pons Garcia (PPS), que voltava para casa de madrugada com a família; ninguém se feriu

Polícia não tem pistas sobre a autoria e a motivação do atentado, mas diz que a participação do PCC está "praticamente" descartada

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O prefeito de São Sebastião (litoral norte de São Paulo), Juan Pons Garcia (PPS), 48, e sua família foram alvo de um atentado a tiros no início da madrugada de ontem.
Um homem encapuzado disparou várias vezes, por volta da 1h30, contra o carro em que ele estava com a mulher e os três filhos. Ninguém se feriu. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso.
O delegado-assistente do Departamento de Polícia Judiciária do Interior, de São José dos Campos, Ronaldo Dias, afirma que a polícia ainda não tem pistas sobre a autoria e a motivação do atentado, mas diz que a participação do PCC está "praticamente" descartada.
"As ações do PCC normalmente são realizadas por mais de uma pessoa, e de cara limpa. Nesse atentado, o atirador estava aparentemente sozinho, todo vestido de preto e encapuzado", disse o delegado. "A motivação política é uma linha de investigação. Mas ainda não podemos descartar nenhuma possibilidade", completou.
Na semana passada, após a facção iniciar a segunda onda de ataques no Estado, a Câmara Municipal da cidade teve duas de suas janelas incendiadas. Em maio, na primeira série de ataques, um jornal da cidade foi incendiado por homens encapuzados, e a Cadeia Pública foi destruída em uma rebelião, que matou nove presos e feriu 15.

Emboscada
O prefeito também não acredita em envolvimento do PCC. Segundo ele, a "emboscada" teve motivação política. O crime ocorreu quando o veículo se aproximou da entrada do condomínio onde ele mora. Um homem saltou na frente do carro, uma Zafira prata, e atirou. "Desviei para a direita, tentando sair da linha de tiro, mas ele continuou atirando. Joguei o carro para cima dele. O retrovisor esquerdo o atingiu, e ele caiu. Consegui fugir", contou.
Segundo o prefeito, nove tiros atingiram o pára-brisa, o capô e o pára-choque dianteiro do carro. O boletim de ocorrência registrado na polícia diz que apenas quatro cápsulas, de calibre 765, foram encontradas. O veículo ainda será periciado.
Garcia descreveu o atirador como um rapaz magro, que vestia roupas escuras e tinha o rosto encoberto por um capuz. Disse ainda que não percebeu a presença de mais ninguém próximo ao local do atentado. Também não viu nem carros nem motos estacionados no caminho.
"Não era um assalto nem seqüestro. Um sujeito que aponta e descarrega um revólver automático a menos de 20 metros veio para matar", disse.

Ataques
Desde terça, quando o PCC iniciou mais uma onda de violência, pelo menos 435 atentados foram registrados, entre incêndios de ônibus, ataques a bancos e até a caminhões de lixo. Houve ao menos oito mortes. Ontem houve dez ataques.
Em São Paulo, a Inspetoria Regional da GCM (Guarda Civil Metropolitana) em Itaquera, zona leste, foi atacada a tiros às 22h50 do sábado. Segundo a polícia, cinco homens em três motos efetuaram vários disparos contra a guarita do local.
Dois guardas, que estavam trabalhando no momento do atentado, revidaram com tiros. Ninguém ficou ferido.
Uma agência do Unibanco foi atacada a tiros e teve os caixas eletrônicos destruídos, anteontem de manhã, na av. Rangel Pestana, no bairro do Brás, região central de São Paulo. Não houve vítimas.
Em Guaíra (466 km de SP), uma bomba de fabricação caseira foi jogada contra uma delegacia e oito tiros foram disparados contra a casa da delegada Eid Mara Ramos (Defesa da Mulher) - até o fim da tarde de ontem, ninguém havia sido preso. Em Ribeirão, a casa de um agente penitenciário foi atingida por um coquetel molotov lançado na madrugada de ontem. Ninguém ficou ferido.
O delegado seccional de Ribeirão, Benedito Valencise, disse que recebeu anteontem à tarde, por telefone, uma ameaça de ataque à delegacia. O esquema de segurança foi reforçado. "Se atacar, vai morrer."
De acordo com ele, os atentados em Ribeirão não estão ligados ao PCC, mas sim a "oportunistas." "Não há motivo nenhum para pânico", argumentou Valencise.
Em Porto Ferreira (228 km ao norte de SP), três ônibus estacionados na garagem de uma empresa de transporte foram incendiados por volta das 4h. Não houve feridos.
Ontem, a visita dos parentes aos presos foi proibida em 15 das 144 unidades prisionais do Estado em protesto pela morte de agentes penitenciários.


Colaboraram a Reportagem Local e a Folha Ribeirão


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