São Paulo, sexta, 17 de julho de 1998

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Rico estuda cinco anos mais

da Sucursal de Brasília

Brasil, Argentina, Costa Rica, El Salvador e Paraguai são os países da América Latina em que há maior diferença entre a quantidade de anos estudados pelos 10% mais ricos e os 30% mais pobres da população.
Os dados fazem parte de um estudo realizado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) que será divulgado no próximo mês.
Em todos esses países, os 10% mais ricos haviam estudado pelo menos cinco anos a mais do que os 30% mais pobres ao completarem 21 anos de idade.
No Brasil, aos 21 anos, os 10% mais ricos frequentam, em média, dez anos de escola. Já os 40% mais pobres dessa faixa etária estudam apenas por quatro anos.
Na Argentina, os 10% mais ricos frequentam em média 14 anos de escola, contra oito anos frequentados pelos 30% mais pobres de sua população.
A diferença entre os anos estudados por ricos e pobres na América Latina é consequência das altas taxas de evasão nas classes mais baixas da sociedade de seus países (já que poucos completam o 1º grau), enquanto os mais ricos, em geral, terminam o 2º grau e prosseguem estudando até a universidade.
"O problema não é mais falta de vagas nas escolas, porque já há hoje uma oferta compatível com a demanda", disse Nancy Birdsall, vice-presidente do BID.
"Só que a qualidade do ensino oferecido nas escolas públicas está longe de atender às necessidades da população pobre, fazendo com que a taxa de evasão permaneça alta."
Embora a diferença no nível de escolaridade entre os mais ricos e mais pobres tenha aumentado da década de 80 para a década de 90 em quatro países latino-americanos (Brasil, Argentina, Costa Rica e México), a perspectiva é que haja uma queda nos próximos anos.
Isso porque já houve uma queda na diferença dos anos estudados por pobres e ricos com 15 anos em oito países, entre eles Brasil, Costa Rica e México -onde a variação no nível de escolaridade aos 21 anos entre pobres e ricos havia crescido.
"Embora as conclusões do estudo sejam desanimadoras, porque mostram que ainda há muita desigualdade no acesso à educação entre a população de toda a América Latina, há uma nota de felicidade que dá esperança", disse Nancy. (DF)


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