São Paulo, sexta, 17 de julho de 1998

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Adulteração de remédios e outras macacadas

BARBARA GANCIA
Colunista da Folha


As denúncias de falsificação de remédios estão causando alarme. No Nordeste, com medo da adulteração, pacientes contaminados pelo vírus HIV se recusam a tomar medicamentos distribuídos pelo Ministério da Saúde.
Nas farmácias de todo o país, ninguém mais compra nem sequer uma aspirina sem antes entrevistar longamente o vendedor.
E quem procura qualquer orientação por meio dos números fornecidos pela saúde pública encontra linhas eternamente ocupadas.
Mas será que a adulteração de remédios é alguma novidade? Desde que me conheço por gente, e eu me conheço por gente há uns bons dois séculos, é praxe dos médicos recomendar aos pacientes que têm a possibilidade de comprar medicamentos no exterior que levem suas receitas na bagagem e façam as aquisições nos EUA ou na Europa. A desconfiança tem fundamentos.
Veja, por exemplo, os remédios que não podem ser controlados a olho nu, como os sprays para alívio do espasmo brônquico -as populares bombinhas de asma.
Sou usuária do produto desde que foi introduzido no país. E, mesmo fazendo uso da mesmíssima quantidade diária há mais de 20 anos, noto que a bombinha, que antes durava cerca de um mês e meio, de uns tempos para cá, fica vazia em menos de quatro semanas.
O que garante que nos comprimidos e cápsulas essa mesma "economia" também não esteja sendo praticada?
Alô, Adib Jatene! Se não tivessem ocorrido com um grande laboratório como o Schering do Brasil (não confundir com Schering-Plough) os casos da Microvlar e do Androcur e se um José Serra louco para mostrar serviço não tivesse virado ministro, será que essa maracutaia teria vindo à tona? E os otários aqui ainda engoliram sua CPMF de bom grado...


Na quarta, visitei o criadouro Mucky, único no país que luta contra a venda ilegal do sagui e a extinção da espécie. O sagui é o menor primata do mundo e só existe na América do Sul. Está ameaçado. Mas ninguém dá bola. O criadouro, que precisa de uma verba menor do que o sagui para se manter, não consegue sensibilizar nem mesmo o Ibama. Está prestes a fechar as portas. E, como a mentalidade tapuia reza que se deve trocar o cão pela criança pobre, que se danem o mato, os rios e os bichos.

QUALQUER NOTA
De lorota em lorota
Minha caixa postal foi inundada por mensagens de leitores querendo saber se procede a "denúncia gravíssima" que anda circulando na Internet. Diz a tal acusação que a CBF teria vendido o título de 98 para a Fifa em troca de o Brasil sediar a Copa de 2002. Veja só, seu Ricardo Teixeira! Os pinóquios da CBF estão fazendo escola!

Malhação
E o massacre continua. Ontem, a Rede Globo mostrou um sorridente Ronaldinho se negando a falar com a imprensa ao chegar à casa da mãe, dona Sônia. Diagnóstico do repórter Marcelo Baruk: "Mais uma vez, (o atacante) deu sinais de descontrole emocional".

Torre de Babel
Nasce uma nova gíria. "Tô clementino" significa estar de baixo-astral ou sem sorte.

E-mail:barbara@uol.com.br



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