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Adulteração de remédios e outras macacadas
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
As denúncias de falsificação de remédios estão causando alarme. No Nordeste, com
medo da adulteração, pacientes contaminados pelo vírus
HIV se recusam a tomar medicamentos distribuídos pelo Ministério da Saúde.
Nas farmácias de todo o país,
ninguém mais compra nem sequer uma aspirina sem antes
entrevistar longamente o vendedor.
E quem procura qualquer
orientação por meio dos números fornecidos pela saúde
pública encontra linhas eternamente ocupadas.
Mas será que a adulteração
de remédios é alguma novidade? Desde que me conheço por
gente, e eu me conheço por
gente há uns bons dois séculos,
é praxe dos médicos recomendar aos pacientes que têm a
possibilidade de comprar medicamentos no exterior que levem suas receitas na bagagem
e façam as aquisições nos EUA
ou na Europa. A desconfiança
tem fundamentos.
Veja, por exemplo, os remédios que não podem ser controlados a olho nu, como os
sprays para alívio do espasmo
brônquico -as populares
bombinhas de asma.
Sou usuária do produto desde que foi introduzido no país.
E, mesmo fazendo uso da mesmíssima quantidade diária há
mais de 20 anos, noto que a
bombinha, que antes durava
cerca de um mês e meio, de uns
tempos para cá, fica vazia em
menos de quatro semanas.
O que garante que nos comprimidos e cápsulas essa mesma "economia" também não
esteja sendo praticada?
Alô, Adib Jatene! Se não tivessem ocorrido com um grande laboratório como o Schering do Brasil (não confundir
com Schering-Plough) os casos
da Microvlar e do Androcur e
se um José Serra louco para
mostrar serviço não tivesse virado ministro, será que essa
maracutaia teria vindo à tona? E os otários aqui ainda engoliram sua CPMF de bom
grado...
Na quarta, visitei o criadouro Mucky, único no país
que luta contra a venda ilegal
do sagui e a extinção da espécie. O sagui é o menor primata
do mundo e só existe na América do Sul. Está ameaçado.
Mas ninguém dá bola. O criadouro, que precisa de uma verba menor do que o sagui para
se manter, não consegue sensibilizar nem mesmo o Ibama.
Está prestes a fechar as portas.
E, como a mentalidade tapuia
reza que se deve trocar o cão
pela criança pobre, que se danem o mato, os rios e os bichos.
QUALQUER NOTA
De lorota em lorota
Minha caixa postal foi inundada
por mensagens de leitores querendo saber se procede a "denúncia
gravíssima" que anda circulando
na Internet. Diz a tal acusação que
a CBF teria vendido o título de 98
para a Fifa em troca de o Brasil sediar a Copa de 2002. Veja só, seu
Ricardo Teixeira! Os pinóquios da
CBF estão fazendo escola!
Malhação
E o massacre continua. Ontem, a
Rede Globo mostrou um sorridente Ronaldinho se negando a falar com a imprensa ao chegar à casa da mãe, dona Sônia. Diagnóstico do repórter Marcelo Baruk:
"Mais uma vez, (o atacante) deu
sinais de descontrole emocional".
Torre de Babel
Nasce uma nova gíria. "Tô clementino" significa estar de baixo-astral ou sem sorte.
E-mail:barbara@uol.com.br
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