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FALSIFICAÇÃO
UFMG colocou distribuidora em lista de fornecedores proibidos porque ela vendia Androcur falsificado
Governo vetou compras da Ação em maio
VANESSA HAIGH
da Sucursal de Brasília
A Ação Distribuidora de Medicamentos figura em uma
lista de fornecedores vetados
do governo desde o dia 21 de
maio deste ano. Ela foi colocada
na lista pela UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais) devido a
"fornecimento sistemático do
medicamento Androcur (contra
câncer de próstata) falsificado".
Pelo menos cinco órgãos federais compraram medicamentos da
Ação depois dessa data, inclusive a
Escola de Veterinária da própria
UFMG, o que contraria as normas
para compras governamentais determinadas pelo Ministério da Administração.
A Ação foi interditada pela Vigilância Sanitária na última segunda-feira por estar vendendo psicotrópicos e entorpecentes sem autorização do Ministério da Saúde.
A penalidade imposta à Ação pela UFMG foi feita no Sicaf (Sistema de Cadastramento de Fornecedores), criado em 94 para centralizar informações para as compras
do governo. Quando há um problema com um fornecedor e essa
informação vai para o Sicaf, as
compras ficam proibidas. O órgão
federal que comprar produtos
desse fornecedor está sujeito a
sanções penais e administrativas.
Além da Escola de Veterinária
da UFMG, compraram remédios
da Ação depois do dia 21 de maio
pelo menos mais quatro instituições federais: HC de Porto Alegre,
HC da Universidade Federal de
Goiás, Tribunal Regional Eleitoral
de Minas e HU da Universidade
Federal do Espírito Santo.
O Sicaf serve como fonte de consulta sobre a idoneidade das empresas fornecedoras. Os órgãos federais podem acrescentar informações sobre as empresas com as
quais travaram relações.
Somente os responsáveis pelas
comissões de licitação dos órgãos
federais podem ter acesso a ele. No
cadastro, a Ação é considerada um
fornecedor "inativo" desde 21 de
maio deste ano.
Nesse mesmo dia, foi publicada
no Diário Oficial a informação de
que a empresa estava com o direito suspenso de participar de licitação com a UFMG e impedida de
fazer contratos com a universidade por dois anos.
A denúncia de que órgãos do governo compraram medicamentos
da Ação depois da advertência da
UFMG partiu do deputado federal
Augusto Carvalho (PPS-DF).
Ele pretende encaminhar hoje
uma denúncia ao Ministério Público pedindo apuração dos fatos,
porque considera que houve descaso do poder público. Segundo
Carvalho, o poder público já sabia
desde 21 de maio que a Ação apresentava problemas e só a interditou em 13 de julho.
O deputado afirmou que sua
preocupação é com as empresas
privadas que compraram medicamentos da Ação, e não tem acesso
às informações do Sicaf.
A Ação foi responsável pela distribuição de parte do lote 351 de
Androcur falso. A fabricante do
Androcur, a empresa Schering do
Brasil, notificou as secretarias da
Saúde dos Estados sobre o lote de
remédio falso em 20 de fevereiro.
A UFMG denunciou a Ação Distribuidora à Polícia Federal e ao
Ministério Público no dia 12 de
março de 98, dois meses antes de
publicar a acusação no Diário Oficial e no Sicaf.
"A denúncia só pode ser apresentada no Sicaf depois de dar à
empresa acusada a chance de defesa prévia e apresentação de recursos, previstos pela Lei de Licitações. Por essa razão, a UFMG só
colocou a denúncia no Sicaf no dia
21 de maio", disse Giovanni de
Souza, assessor jurídico do Hospital das Clínicas da UFMG.
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