São Paulo, sexta, 17 de julho de 1998

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POLÍCIA
Estudante combina com adulto o assassinato de adolescente de 15 anos que se opunha a seu namoro
Paixão leva garoto de 12 a encomendar morte

RENATA GIRALDI
da Sucursal de Brasília

O estudante T.N.B., 12, mandou matar um garoto de 15 anos afirmando que ele não aceitava o seu namoro com A.S.V., 11, irmã do adolescente assassinado.
O crime ocorreu na segunda-feira, no setor P Sul da cidade-satélite de Ceilândia, uma das áreas mais violentas do Distrito Federal.
R.S.V. foi morto com cinco tiros (dois na cabeça e três no tórax) por Francisco Reginaldo Ferreira Barbosa, 22, quando saía da Escola Classe 47, na Ceilândia, depois de ter ido buscar a irmã e mais três colegas. O assassinato ocorreu por volta das 17h40.
Dos três envolvidos no crime, apenas o estudante morto tinha passagens pela polícia. Por duas vezes, delegacias da Ceilândia registraram acusações contra R. por furto de pequenos objetos.
Na 23ª DP da Ceilândia, T.N.B. confirmou ao delegado-chefe, Paulo César Tolentino, que planejou a morte de R.S.V. e acertou com Francisco os detalhes do assassinato.
No depoimento à polícia, o garoto T.N.B. disse que R. não aceitava seu namoro com A.S.V.

"Muito apaixonado"
"O que eu vi aqui foi um garoto precoce e muito apaixonado. Para mim, isso deveria ter sido um conto infantil e não uma tragédia", disse Tolentino, relatando sua impressão sobre T.N.B. "Essa garotada está começando a vida sexual e afetiva muito cedo."
Francisco, acusado de matar o estudante, está foragido. A polícia tem informações de que ele está escondido nos arredores de Brasília. Já T.N.B. continua livre e aguarda ser ouvido pela Delegacia da Criança e do Adolescente. Segundo Tolentino, T.N.B. deverá responder processo, o que pode levá-lo a ter como sentença internação até os 21 anos.
O pai de Francisco, José Barbosa, disse à Folha que seu filho estava sendo perseguido por R.S.V. Segundo ele, há dez dias, R. atirou contra Francisco e só não o matou "porque Deus ajudou".
"Ele (R.S.V.) andava com mais uns 20 rapazes, todos mexiam com drogas e viviam atrás do meu filho", afirmou.

Problemas de relacionamento
Na opinião de Barbosa, T.N.B. conseguiu convencer Francisco a matar R. porque ambos "tinham problemas de relacionamento" com ele. O acordo para que Francisco matasse R. foi fechado horas antes do assassinato.
T.N.B. planejou uma emboscada, aproveitando que R. passaria por um atalho, de onde Francisco o esperou e disparou cinco tiros à queima roupa. O crime foi presenciado, de longe, pela irmã de R. e três colegas.



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