São Paulo, sexta, 17 de julho de 1998

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TAM
Professor acusado de causar explosão em Fokker em outubro de 97 terá de passar por novos testes; laudo demora 1 mês
Castro só soube dizer o nome em exame

PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

O professor Leonardo Teodoro de Castro, 59, acusado de ter provocado uma explosão no Fokker 100 da TAM em outubro passado, foi submetido ontem a exames de sanidade mental e não soube responder à maioria das perguntas que foram feitas a ele.
A explosão a bordo do avião provocou um rombo em sua fuselagem, por onde um passageiro foi expelido e morreu.
O exame foi realizado a pedido do Ministério Público Federal, que denunciou anteontem o professor à 3ª Vara da Justiça Federal.
Segundo o perito psiquiatra do Imesc (Instituto de Medicina Social e Criminalística do Estado de São Paulo) Marco Antonio da Silva Beltrão, responsável pela aplicação do exame, Castro foi evasivo e respondia "não sei" a quase todas as perguntas. "Basicamente, soube dizer seu nome e quem era sua família", diz.
Ele foi questionado sobre sua infância, família e hábitos. Os médicos também abordaram assuntos como a explosão do avião e o atropelamento que Castro sofreu três dias depois da explosão, que lhe deixou sequelas psíquicas como perda de memória e capacidade de raciocínio.
Beltrão e a perita médico-legal Silvia Cléa, que também acompanhou os exames, observaram as reações do professor diante das perguntas. "Mas não posso me antecipar e dar um parecer sobre minhas observações. Isso só será divulgado quando o laudo ficar pronto", diz Beltrão.
Esse exame não foi suficiente para que os médicos tirassem uma conclusão sobre a sanidade mental de Castro.
Beltrão solicitou novos exames como ressonância magnética e eletroencefalograma, além de avaliação neurológica e social.
Só com o resultado desses novos exames é que o laudo ficará pronto, o que deve demorar mais de um mês.
Com o laudo, o ministério quer saber quais eram as condições mentais do professor na ocasião da explosão. Dependendo do resultado dos exames, o professor poderá ser considerado inimputável (não responsável pelo crime). Nesse caso, mesmo que condenado, não cumprirá pena na cadeia, mas será encaminhado para internação em uma clínica de saúde mental.
De acordo com Paulo Taubemblatt, procurador da República do Ministério Público Federal, se ficar provado que a lesão cerebral de Castro é posterior à data da explosão, o processo será suspenso até sua recuperação.
Beltrão disse que, em alguns casos, é possível identificar a época em que a lesão ocorreu. "Mas medicina não é uma ciência exata. Normalmente se faz uma estimativa que depende de bom senso."



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